CLÁUSULAS RELATIVAS EM REDAÇÕES ARGUMENTATIVAS: UMA ABORDAGEM FUNCIONALISTA
Funcionalismo; Metafunções da Linguagem; Transitividade; Argumentação; Cláusulas Adjetivas.
Este trabalho possui a finalidade de levantar reflexões acerca de aspectos sintáticos, semânticos e discursivos referentes ao emprego de cláusulas relativas em textos argumentativos. Para tanto, realizamos uma análise quantitativa e qualitativa, com o intuito de investigar a cláusula relativa no que se refere à transitividade, empregando categorias relacionadas à Linguística Sistêmico-Funcional, em consonância com os postulados teóricos de Halliday e Matthiessen (2004), e categorias ligadas ao Funcionalismo Norte-Americano, em conformidade com os parâmetros de transitividade de Hopper; Thompson (1980). Ademais, procuramos associar o emprego da cláusula relativa ao tipo de argumento proposto: argumentos quase lógicos, argumentos fundados na estrutura do real e argumentos que fundamentam a estrutura do real (Fiorin, 2015). Extraímos o corpus de redações de nota 1000 elaboradas por participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nos anos de 2018, 2019 e 2020, perfazendo, ao todo, 320 cláusulas relativas analisada. Os resultados revelam que as cláusulas relativas de média e baixa transitividades são as mais frequentes nos textos, evidenciando, em seu emprego, os processos material, mental, verbal, relacional e existencial, e colaborando efetivamente para o encaminhamento argumentativo do texto, com a mobilização de argumentos de definição, argumentos pragmáticos, argumentos de causalidade, argumentos por ilustração, argumentos de autoridade, argumentos probabilísticos, argumentos por exemplificação e argumentos de comparação. Dessa forma, diferentemente do que se costuma verificar nas abordagens normativas tradicionais, procuramos demonstrar que o escopo semântico das cláusulas relativas é diversificado e serve a propósitos textual-comunicativos variados no âmbito da argumentação.