Dissertações/Teses

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2024
Dissertações
1
  • JONATHAN DE QUEIROZ VIANA
  • MACROESTRUTURAS SEMÂNTICAS GLOBAIS E LOCAIS: ELEMENTOS PARA UMA ANÁLISE DISCURSIVA DA MASCULINIDADE REIFICADA EM REDES SOCIAIS DA WEB

  • Data: 26/01/2024
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  • A presente dissertação aborda a complexidade da construção e transformação da identidade de gênero, com um foco particular na identidade masculina e na influência da linguagem nesse processo. Através de uma proposta de interface teórica fundamentada na Análise Crítica do Discurso de abordagem sociocognitiva junto à sociologia da mídia e os estudos culturais, examina-se como a linguagem atua não só como um espelho, mas como um formador ativo de identidades, moldando percepções e experiências de gênero, enfatizando o poder dos discursos normativos na configuração da masculinidade. Problematizando as noções tradicionais e binárias de gênero, a dissertação propõe uma visão mais fluida e inclusiva, destacando a importância de reconhecer a diversidade e a multiplicidade das identidades de gênero. Este trabalho constitui contribuição para o campo dos estudos da linguagem e para os estudos de gênero, fornecendo perspectivas críticas sobre as dinâmicas sociais e linguísticas que moldam a identidade masculina em uma era de transformações significativas. Do ponto de vista teórico, o presente trabalho respalda-se na interface das seguintes teorias: a concepção crítica de Ideologia de John B.Thompson (2011); Terry Eagleton (1991) e da Análise Crítica do Discurso de abordagem sociocognitivo de Teun A. Van Dijck (1983, 1993,1995, 2001, 2005, 2008, 2016, 2018, 2020). O trabalho enfatiza a necessidade de questionar e desnaturalizar as noções tradicionais de masculinidade, propondo uma visão mais flexível e inclusiva de identidades de gênero, oferecendo uma perspectiva crítica sobre a formação da identidade masculina. Este enfoque crítico visa desconstruir a binaridade e a rigidez dos papéis de gênero, destacando como as identidades são reificadas por meio de discursos normativos. A dissertação examina os impactos desses discursos na percepção individual e coletiva de gênero, argumentando pela relevância de um entendimento mais abrangente e menos restritivo de identidades. Para tal selecionamos alguns posts do feedd do perfil do Instagram “fúria_e_tradição”, direcionado a ensinar determinados comportamentos de masculinidade para o seu público alvo. Metodologicamente, adotamos os seguintes passos: identificação das estruturas linguísticas; análise das macroestruturas semânticas; estratégias no uso do léxico e como esses fatores agem em conjunto para a formação da masculinidade reificada. Ao explorar a intersecção entre linguagem, poder e identidade, a dissertação propõe insights sobre a construção das identidades de gênero, bem como sobre sua manutenção e a possibilidade destas serem desafiadas no discurso cotidiano. A análise proposta oferece subsídios para futuras pesquisas na área dos estudos da linguagem e para a aplicação prática em contextos educacionais e sociais, visando promover uma maior compreensão e aceitação das diversas formas de identidade de gênero.

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  • FRANCISCO DE ASSIS OLIVEIRA DA SILVA
  • A CONTRIBUIÇÃO DOS RECURSOS MULTIMODAIS DAS CHARGES CONSTANTES NAS PROPOSTAS DE REDAÇÃO ESTILO ENEM PARA O DESENVOLVIMENTO DAS TÉCNICAS ARGUMENTATIVAS EM TEXTOS DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVOS

  • Orientador : JOSE OLAVO DA SILVA GARANTIZADO JUNIOR
  • Data: 22/04/2024
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  • A presente pesquisa tem como objetivo analisar como os recursos multimodais das charges das propostas de redação estilo Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) contribuem para o desenvolvimento das técnicas argumentativas em textos dissertativo-argumentativos, produzidos por estudantes da Escola de Ensino Médio em Tempo Integral (EEMTI) Menezes Pimentel (Pacoti – CE), a partir de provas simuladas do Laboratório de Redação. Para isso, com relação às técnicas argumentativas, utilizamos como base teórica Perelman e Olbrechts- Tyteca (2014), em seu Tratado da Argumentação, que apontam para um estudo das técnicas argumentativas de forma descritiva e sistematizada. Com relação aos aspectos multimodais, utilizamos os estudos de Kress (2010) e Kress e Van Leeuwen (2021) a partir do uso da Gramática do Design Visual como método de análise da construção da intencionalidade de argumentos visuais (BIRDSELL, GROARKE, 2007) em gêneros multimodais. A metodologia do nosso trabalho propõe uma abordagem mista, com método hipotético-dedutivo e natureza exploratória. O corpus é composto por 28 redações dissertativo-argumentativas dos estudantes matriculados no Laboratório de Redação, para análise da manifestação das técnicas argumentativas, e por 05 provas simuladas aplicadas para os estudantes, para análise dos recursos multimodais das charges presentes. Os resultados apontam que os recursos multimodais das charges das propostas de redação estilo Enem analisadas contribuíram para o desenvolvimento de 24 técnicas argumentativas coerentes à tese defendia nas redações dissertativo-argumentativas, a partir da autorização de informações subjacentes ao tema proposto à escrita numa relação lógico-discursiva de causa e consequência. Além disso, dentre as 28 redações analisadas, 23 apresentaram contribuição das informações autorizadas pelas charges, por meio de sua materialização em 34 ocorrências do argumento pelo vínculo causal, 31 ocorrências do argumento de autoridade e 20 ocorrências do argumento pelo modelo. 

2023
Dissertações
1
  • MARIA CAROLINA LIMA SILVA
  • Marcas textuais da atualização da polêmica sobre a Covid-19 no Instagram do Jornal Diário do Nordeste

  • Data: 23/01/2023
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  • Este trabalho tem por propósito realizar um breve estudo sobre a atualização da Polêmica sobre a Covid-19 no Instagram do Jornal Diário do Nordeste. Diante disso, temos por objetivo geral caracterizar de que forma os elementos textuais são utilizados para mobilizarem uma orientação argumentativa na modalidade polêmica nos textos analisados. Visamos avaliar, sob aspectos referenciais e intertextuais, o funcionamento da interação polêmica. Como objetivos específicos, pretendemos identificar como o processo de referenciação (por introduções referenciais, anáforas e recategorizadores) evidencia certos posicionamentos da figura do Proponente ou do Oponente, na tentativa de mobilizar no texto a adesão do Terceiro; e como os processos intertextuais são usados estrategicamente para reforçar a argumentação de cada lado na polarização. Assumimos como pressupostos o estudo feito por Macedo (2018), que propõe uma interface entre Análise Argumentativa do Discurso (Amossy, 2018 [2006]) e Linguística Textual (LT), proposta por Cavalcante (2016). Valemo-nos, principalmente, da noção de modalidades argumentativas, de Amossy (2018), dentre as quais destacamos a modalidade polêmica. Baseamo-nos também na Teoria Semiolinguística do Discurso (CHARAUDEAU, 2009; 2016; 2018), que defende a existência de um sujeito intencional, mas influenciado socioculturalmente. Refletimos sobre as características definidoras da polêmica (dicotomização, polarização e desqualificação do outro), marcadas por processos referenciais e intertextuais, já que desenvolvemos um estudo linguístico-textual. Nossa pesquisa utilizou-se dessas duas categorias de textualização tomando por base a noção de referenciação (MONDADA; DUBOIS, 2016 [2003]; CAVALCANTE, 2011) e a classificação de processos intertextuais feita por Carvalho (2018). Para a composição de nosso corpus, selecionamos dez publicações sobre a temática da vacina da Covid-9, especificamente sobre o imunizante Coronavac, que motivou diversos debates sobre a temática nas redes sociais e reacendeu polêmicas discursivas, tal como definidas por Amossy (2017). Os resultados confirmaram nossa hipótese básica de que os processos referencias e intertextuais podem evidenciar a atualização da polêmica nos textos. Pelo critério de referenciação, constatamos que as introduções referenciais e as recategorizações anafóricas demostram posicionamentos dentro dos textos analisados e atualizam a polêmica discursiva. Pelo critério da intertextualidade, compreendemos que a polêmica só se efetiva através do diálogo intertextual, e que este se apresenta como um critério fundamental para uma das propriedades da polêmica: a polarização. Concluímos que as marcas referenciais e intertextuais se evidenciam como produtivos mecanismos na defesa de pontos de vista e na atualização da polêmica.

     

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  • PAULO ROBERTO SOUSA FERREIRA
  • Análise da evidencialidade em artigos de opinião do Jornal “Diário do Nordeste” do Estado do Ceará.

  • Data: 19/05/2023
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  • Esta pesquisa tem como objetivo analisar os aspectos sintáticos, semânticos e pragmático-discursivos da evidencialidade em artigos de opinião do jornal “Diário do Nordeste” do Estado do Ceará, no período de 01 de junho a 31 de julho de 2022. A teoria linguística adotada neste trabalho é o funcionalismo, mais especificamente, por meio da perspectiva funcionalista de Hengeveld e Mackenzie (2008) em relação à sua Gramática Discursivo-Funcional (GDF), uma vez que a GDF, a partir do modelo teórico top-down, começa com a intenção comunicativa do falante e vai até a articulação, e desse modo, a GDF consiste em um posicionamento teórico-descritivo de análise da expressão linguística. Dessa forma, para as análises desse estudo, relacionando a evidencialidade e a GDF, pode-se verificar que o falante ou produtor textual através de sua intenção pode optar por indicar ou não a fonte da informação, manifestar a sua forma de transmissão do conhecimento e, consequentemente, demonstrar o seu grau de comprometimento sobre as informações asseveradas. O corpus desta pesquisa corresponde 30 artigos de opinião do jornal “Diário do Nordeste” do Estado do Ceará. Metodologicamente, analisou-se os aspectos sintáticos, semânticos e pragmático-discursivos da evidencialidade em artigos de opinião. Nos resultados deste trabalho, em relação aos aspectos sintáticos da evidencialidade, predominou-se o intercalamento entre a fonte da informação e o conteúdo asseverado com 82,07% e o verbo foi o meio linguístico predominante com 62,76%. No que se refere aos aspectos semânticos, observou-se uma maior porcentagem da fonte externa definida com 47,59%, seguido da fonte sujeito-enunciador com 43,45%; observou-se uma predominância do percentual do acesso evidencial indireta com 55,17%, seguido do acesso evidencial direta com 42,76% e observou-se uma predominância da natureza evidencial relatada com 55,17%. No que diz respeito aos aspectos pragmáticos-discursivos, observou-se uma maior porcentagem do nível de comprometimento baixo com 55,17%, seguido no nível alto de comprometimento com 42,76%. Assim, concluo que essa pesquisa contribui para os estudos sobre evidencialidade, tendo em vista que ela identifica e descreve marcas evidenciais no português brasileiro, no contexto jornalístico, especificamente, no gênero textual artigo de opinião. Essas marcas foram manifestadas por meio de itens lexicais ou gramaticais.

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  • ANA PRISCILA GUEDES CARVALHO
  • POLÍTICAS LINGUÍSTICAS E A ESCOLARIZAÇÃO DE ESTUDANTES SURDOS COM DEFICIÊNCIA: POR UMA EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA BILÍNGUE DE DOCENTES PARA O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO

  • Data: 23/06/2023
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  • A Lei Brasileira de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, além de reconhecer o direito dos Surdos de manterem a sua identidade linguística e cultural em uma escolarização própria e específica, reconhece a pluralidade desse grupo linguístico ao definir como seu público-alvo alunos surdo-cegos, com deficiência auditiva sinalizantes, surdos com altas habilidades ou superdotação ou com outras deficiências associadas. Com isso, os alunos com deficiência pertencentes ao povo Surdo recebem um novo olhar sobre o seu direito à inclusão, respeito pela diversidade e pelo desenvolvimento de habilidades linguísticas de formas particulares. Tendo em vista que é direito do aluno Surdo com deficiência uma educação bilíngue inclusiva de qualidade em igualdade de condições com os demais estudantes, o presente estudo tem como objetivo central entender em que medida a falta de políticas linguísticas para uma educação linguística bilíngue de docentes para o Atendimento Educacional Especializado (AEE) pode afetar a educação de alunos Surdos com deficiência. Para tanto, foi necessário: i) debater o conceito de bilinguismo e educação bilíngue e suas implicações político linguísticas, ii) descrever, de forma conceitual, o que é educação bilíngue de Surdos, buscando traçar o perfil da modalidade na escolarização de estudantes Surdos com deficiência, iii) identificar, a partir da Lei 14.191 de 2021, novas demandas e implicações da associação do termo “bilíngue” à prática do serviço, considerando seus pressupostos e base ideológica, e, então, iv) discutir a formação linguística docente e o AEE Bilíngue de alunos Surdos com deficiência. Os resultados possibilitaram apontamentos sobre o perfil e atribuições do Atendimento Educacional Especializado Bilíngue e do docente para atuação no serviço, quando em postura de reformulação. Foi possível concluir que, para desenvolver uma prática docente que atenda à demanda proveniente desse novo contexto, é necessária uma formação linguística mais aprofundada com conhecimentos e habilidades especializadas para trabalhar com estudantes Surdos com deficiência. Neste sentido, foram encaminhadas recomendações à promoção de formações contemplativas aos conhecimentos sobre as possíveis implicações que as deficiências adicionais podem acarretar. Considera-se os resultados obtidos como importante ferramenta de contribuição às discussões em torno da promoção de Políticas Linguísticas Educacionais voltadas para o respeito à identidade linguística dos alunos com deficiência pertencentes ao povo Surdo. Além de úteis ao incentivo à organização de uma formação docente, em campos de atuação da Educação Especial, respeitosa às ideologias linguísticas comprometidas com as questões das comunidades Surdas.

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  • DOUGLAS WIGNER BRASIL MAIA COUTINHO
  • AS TÉCNICAS ARGUMENTATIVAS EM TEXTOS DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVOS DE ALUNOS PRÉ-UNIVERSITÁRIOS DA ESCOLA DR. BRUNILO JACÓ (REDENÇÃO-CE)

  • Data: 26/06/2023
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  • A presente pesquisa tem como objetivo analisar quais as técnicas argumentativas estão presentes em textos dissertativo-argumentativos de estudantes pré-universitários da 3ª série da escola Dr. Brunilo Jacó (Redenção - CE), produzidos a partir de prova simulada de redação estilo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Para esse intuito, nossa pesquisa utilizou como base teórica a obra de Perelman e Olbrechts-Tyteca (2014). Além de Perelman e Olbrechts-Tyteca (2014), nos utilizamo-nos os trabalhos de Menezes (2011) e Garantizado Júnior (2015, 2016), que consideraram o uso das técnicas argumentativas no discurso político. A metodologia de nossa pesquisa propõe uma abordagem mista – qualitativa e quantitativa –, método hipotético-dedutivo e tem natureza descritiva. Propomos que nosso corpus fosse composto por uma seleção de 65 redações dissertativo-argumentativas de alunos pré-universitários da 3ª série, produzidas no primeiro simulado de 2022, seguindo o critério de selecionar textos em que os resultados dos estudantes fossem superiores ao nível III (120 pontos) das competências II e III da Matriz de Referências do Enem. A coleta e a codificação dos textos ocorreram a fim de elencar todas as 69 ocorrências de técnicas argumentativas e as considerações sobre o uso de cada uma delas. Sendo assim, neste resultado preliminar, percebemos que o uso das técnicas argumentativas ocorre de acordo com o posicionamento que o candidato adotar em relação ao tema e para defesa de sua tese e, assim, o estudante tenderá a fazer uso de argumentos quase-lógicos como o de regra de justiça, comparação e dos argumentos baseados na estrutura do real, como é o caso das técnicas de vínculo causal, os argumentos de autoridade e os argumentos pragmáticos.

5
  • MIDANA CÁ
  • DESCRIÇÃO PRELIMINAR DE ASPECTOS FONÉTICOS E SINTÁTICOS DA LÍNGUA GUINEENSE: EQUIPAR A LÍNGUA PARA PROPOR POLÍTICAS LINGUÍSTICAS

  • Data: 03/07/2023
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  •    O presente trabalho versa sobre a descrição e análise do sintagma verbal (SV) na língua guineense a partir de uma abordagem descritiva-funcional, observando os dados que podem contribuir para a reflexão sobre o uso desta língua, compreendendo a sua estrutura funcional dentro da gramática. Sendo assim, esta investigação objetiva analisar descritivamente as formas e funções que as estruturas verbais apresentam no guineense. Por isso, as bases teóricas para este trabalho são os seguintes autores: Castilho (2019); Calvet (2007); Kenedy e Othero (2018); Bull (1989); Scantamburlo (2002) e Givón (2001). Metodologicamente, o trabalho é de cunho qualitativo devido ao não interesse em trabalhar com os quantitativos numéricos/mistos para esta investigação, mas tratar os dados do guineense a partir do corpus selecionado. Considerando que a língua guineense ainda carece de sistematização e descrição-funcional, e é a língua que a maioria fala na Guiné-Bissau, a presente investigação discutiu a importância da sistematização desta língua e, consequentemente, a sua oficialização. Para que essa língua seja sistematizada, é necessário muitas ações de políticas linguísticas como a de equipamento linguístico. O equipamento de uma língua é pertinente para esta investigação, porque, de certo modo, a análise feita na presente pesquisa foi uma forma de equipar a língua guineense descritivamente, partindo da noção de planejamento de corpus e de status. Diante disso, o presente trabalho averiguou os sistemas e a funcionalidade de SV desta língua, por isso, entende-se que contribuiu na sistematização com uma parte da descrição gramatical. Portanto, espera-se que esta investigação servirá para outros fins, como uma das fontes de pesquisa e consulta para pesquisadores de modo em geral e, em específico, para os pesquisadores da língua guineense.

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  • KARINE MAGALHÃES ALVES
  • A REPRESENTAÇÃO DISCURSIVA SOBRE A MULHER NEGRA NA PERSPECTIVA DA GRAMÁTICA SISTÊMICO-FUNCIONAL: UMA ANÁLISE DE CONTOS DO LIVRO OLHOS D’ÁGUA DE CONCEIÇÃO EVARISTO

  • Data: 21/08/2023
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  • Este trabalho tem por objetivo analisar as representações discursivas sobre a mulher negra em contos do livro Olhos d’água de Conceição Evaristo a partir do Sistema de Transitividade. Para tanto, adotamos os pressupostos teórico-metodológicos da Gramática Sistêmico-Funcional de Halliday e Matthiessen (2014). Metodologicamente, selecionamos 04 contos do livro Olhos d’água de Conceição Evaristo, a saber: Olhos d’água, Ana Davenga, Duzu-Querença e Maria, dentre os 15 contos da referida obra que narram representações de realidades de pessoas negras no Brasil. Selecionamos apenas 04 contos nos quais a mulher negra é apresentada como participante significativo, no sentido de que o enredo está em torno de protagonistas que são mulheres afrodescentes. Para a análise qualitativa, dividimos a pesquisa em duas grandes etapas:  análise contextual, em que analisamos o campo, as relações e o modo, e análise linguística, em que segmentamos os textos em orações e fazemos um apanhado geral dos itens lexicais referentes ao campo semântico da mulher negra. Para uma análise qualitativa minuciosa das orações, selecionamos as proposições em que a mulher faz parte da predicação como termo referenciador com o objetivo de, no âmbito léxico-gramatical, classificar os constituintes oracionais em processos, participantes e circunstâncias de acordo com a teoria de Halliday e Matthiessen (2014). Após isso, categorizamos as representações para a mulher a partir dos aspectos contextuais e linguísticos. Os resultados da pesquisa revelam, com relação às categorias semânticas do Sistema de Transitividade, que os processos Materiais e Mentais predominam nos contos analisados, bem como os participantes Ator e Experienciador, respectivamente, o que indica que o “fazer” e o “sentir” constituem os significados mais centrais desses contos. Percebemos que há diferentes categorizações para mulher negra, tais como: a mulher forte, a mulher mãe, a mulher que recupera a ancestralidade, a mulher pobre, a mulher sábia, a mulher trabalhadora, a mulher boa, a mulher acolhedora, a mulher criminalizada pelo preconceito racial, a mulher explorada sexualmente e a mulher silenciada. A estrutura temática predominante das orações é a não marcada, com o sujeito da oração como ponto de partida que direciona a interpretação da narrativa no conto. Quanto aos recursos ligados à modalidade epistêmica, observamos que as marcas indicadoras de graus de probabilidade predominam no texto, evidenciando os reais desejos e pensamentos das personagens. A predominância da subjetividade explícita em todos os contos nos mostra o fato da narradora marcar-se a todo momento como fonte da avaliação. 

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  • VICTORIA MARIA OLIVEIRA DA SILVA
  • A EXPRESSÃO DA MODALIDADE EPISTÊMICA E DA EVIDENCIALIDADE EM TERMOS DE DEPOIMENTOS DE CASOS DE FEMINÍCIDIO

  • Data: 23/08/2023
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  • A presente pesquisa tem por objetivo descrever e analisar, a partir da perspectiva da Gramática Discursivo-Funcional (HENGEVELD; MACKENZIE, 2008), os aspectos referentes ao Nível Interpessoal, Representacional e Morfossintático da Evidencialidade e da Modalidade Epistêmica em Termos de depoimento de inquéritos policiais em casos de feminicídio. Metodologicamente, utilizamos dois inquéritos policiais de casos de feminicídio disponibilizados pela 3° Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Fortaleza. Para a análise, utilizamos como critérios de investigação aspectos referentes ao Componente Contextual e aos Níveis Interpessoal, Representacional e Morfossintático do Componente Gramatical da GDF. Para a investigação dos dados quantitativos, utilizamos o programa SPSS (versão 7.5 para Windows). A categoria contextual demonstra que, no caso dos parentes das vítimas, que depõem com o propósito de “fazer justiça”, as marcas evidenciais parecem prestar-se a fundamentar o discurso com informações pautadas em fatos presenciados ou amplamente compartilhados cujas fontes, por estarem explícitas, podem ser facilmente atestadas, confrontadas.  No caso do depoimento dos familiares do acusado, a frequência menor de uso da Evidencialidade, pode sugerir uma tentativa de descomprometimento. No Nível Interpessoal, verificamos que a Ilocução, na forma de sentença tipo declarativa, é a mais recorrente no corpus, podendo, ainda, verbos performativos serem correlacionados à EV. No Nível Representacional, constatamos que a Evidencialidade constitui o domínio funcional mais frequente no corpus, com predomínio da Reportatividade, que se sobrepõe em relação aos outros subtipos evidenciais, o que tem relação com a natureza composicional do gênero analisado, revelando grau baixo de efeito de verdade. No que se refere à Modalidade Epistêmica, observamos que o subtipo subjetivo se sobrepõe em relação ao subtipo objetivo, demonstrando que os depoentes tendem a revelar seu comprometimento com o conteúdo de suas proposições modalizadas. No Nível Morfossintático, os dados apontam que os evidenciais e os modalizadores epistêmicos tendem a ser expressos com mais frequência por meio de verbos factivos e cognitivos, na forma de uma Expressão Linguística e na posição medial, demonstrando uma tendência para o padrão não marcado da língua. Essas escolhas linguísticas parecem estar ligadas ao tipo de relação social, à natureza declarativa do gênero, ao grau de comprometimento dos depoentes diante das proposições relatadas. 

     

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  • KÁTIA DA FROTA SANTOS
  •  A Abordagem da variação linguística na coleção Se Liga na Língua

  • Data: 15/09/2023
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  •  Este trabalho tem como objetivo geral analisar o tratamento dado à variação linguística na Coleção de Língua Portuguesa Se Liga na Língua – 6º ao 9º ano – do PNLD 2020 à luz da Sociolinguística. Nosso objeto de estudo é a abordagem da variação linguística pelos livros didáticos, versão manual do professor, no contexto da educação básica brasileira, anos finais do ensino fundamental. A análise teve como referencial teórico os pressupostos de Labov (2008), Bagno (2007, 2015), Coelho et al. (2021), Bortoni-Ricardo (2004, 2005), Mollica (2003, 2004), Tarallo (2005, 2007), Travaglia (2009), entre outros. Trata-se de uma pesquisa que se caracteriza como descritiva-interpretativa, com coleta de dados documentais.  A análise foi realizada considerando-se os seguintes tópicos: (i) concepção de língua; (ii) normas padrão e normas não padrão; (iii) variedades da língua portuguesa; (iv) variação linguística e os condicionamentos linguísticos e extralinguísticos; (v) mudança linguística. Os resultados apontam que os autores da coleção didática analisada apresentam alguns conceitos sobre variação e mudança linguística e propõem o ensino da diversidade linguística. No entanto, na explicitação de fenômenos variáveis, ainda, predomina uma abordagem estruturalista e de cunho formal, desconsiderando o contexto de uso, as variantes e os condicionantes linguísticos e extralinguísticos. Com base nos resultados obtidos, constatou-se que a coleção didática analisada aborda o ensino de língua materna, considerando a heterogeneidade linguística, no entanto, percebe-se que a norma padrão permanece sendo priorizada. No decorrer da análise, ainda se observam conteúdos e atividades descontextualizados, por meio de exposição dos tempos verbais, tabelas com pronomes e listas de regências verbais, nos quais não se mencionam os fatores que condicionam a variação linguística dos temas gramaticais abordados. Assim, concluímos que as variedades linguísticas do Português são abordadas de forma resumida e superficial e que a abordagem da variação linguística, na coleção analisada, permanece limitada à linguagem formal, informal, norma padrão e não padrão, desconsiderando-se o uso real da língua pelos falantes. Assim, na coleção “ Se liga na língua “ ainda prevalece um tratamento prescritivo da gramática normativa.

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  • ANATÁLIA CARVALHO ALBUQUERQUE
  • HETEROGENEIDADES EM TUÍTES DEFLAGRADOS PELAS HASHTAGS #CONTRAOMACHISMO, #EXPOSEDFORTALEZA E #ESTUPROCULPOSO

  • Data: 27/10/2023
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  • O presente trabalho tem como objeto de análise as heterogeneidades enunciativas que constituem o discurso manifesto em tuítes deflagrados pelas hashtags #contraomachismo, #exposedfortaleza e #estuproculposo, a partir da ideia do “primado do interdiscurso” em Maingueneau (2008) e na Análise do Discurso de extração francesa (Maingueneau, 1997, 2008, 2015; Authier-Revuz, 2004). Maingueneau (1997) denomina de interdiscursividade o entrelaçamento de discursos outros, constitutivo das práticas linguageiras do cotidiano. Desse modo, o objetivo norteador de nosso trabalho é analisar as heterogeneidades no discurso feminista considerando os tuítes assinalados com as hashtags citadas. São também objetivos específicos: caracterizar tuítes assinalados por essas hashtags; caracterizar os elementos dos discursos feministas nas postagens do Twitter produzidas a partir das hashtags #contraomachismo, #exposedfortaleza e #estuproculposo; e, analisar a relação interdiscursiva entre os discursos machista e feminista em enunciados deflagrados no X (Twitter) a partir dessas hashtags. É uma pesquisa de caráter documental, qualitativa, com uso da metodologia da pesquisa descritiva para caracterização do discurso feminista e sua relação interdiscursiva com o discurso machista. Analisamos vinte tuítes marcados com uma das hashtags supracitadas, com maior número de curtidas, retuítes e comentários. Com base no que Maingueneau propõe como semântica global dos enunciados, propomo-nos a analisar o discurso feminista. com base em alguns semas considerados como tradução do discurso do outro, a partir do fenômeno da interincompreensão, quando duas formações discursivas são postas em relação de confronto em determinado espaço discursivo. Segundo Maingueneau (2008), a interdiscursividade manifesta-se no discurso como simulacro do Outro e através de uma semântica global em que um discurso traduz o seu Outro. Para isso, seguindo o modelo definido por Maingueneau (2008) para a semântica de uma dada formação discursiva, descrevemos semas reforçados como “positivos” pelo discurso feminista e outros rejeitados como “negativos”. Não é nosso objetivo definir esses pares de semas como a gênese do discurso feminista, tendo em vista os limites da presente pesquisa. Partimos da hipótese de que o discurso feminista é produzido numa relação tensa de contraponto com a ideologia do patriarcado, podendo ser atravessado por tal ideologia, como tentativa de manutenção do status quo pelo discurso machista e de resistência/transformação pelo discurso feminista. A partir da descrição dos temas recorrentes nos tuítes analisados, fazemos um detalhamento das heterogeneidades enunciativas para, a partir daí, percebermos como a interdiscursividade se presentifica nos semas ora reforçados, ora rejeitados pelo discurso feminista. Assim, concluímos que as heterogeneidades – seja ela constitutiva e/ou mostrada – são parte substancial dos tuítes, comprovando que os discursos são atravessados pelo contradiscursonas suas falhas constitutivas.

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  • LUIZ FERNANDO DE OLIVEIRA LOPES
  • O ATOR DA ENUNCIAÇÃO CONSTRUÍDO NOS DISCURSOS DIGITAIS EM MEMES SOBRE O SUJEITO-PROFESSOR

  • Data: 31/10/2023
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  • A presente dissertação  dedica-se à análise da constituição do Ator da Enunciação apoiado nos discursos dispostos em memes, na rede social Pinterest, sobre o cotidiano docente no segundo semestre de 2020 e primeiro semestre de 2021. As reflexões estenderão-se sob a orientação da Enunciação em espaços discursivos digitais, bem como ao abrigo da teoria Semiótica, sobretudo, da Semiótica Discursiva com a evidenciação dos aspectos temáticos e figurativos que constituem o Ator da Enunciação. Objetiva-se, portanto, neste estudo, (i)  analisar as regularidades na apresentação do Ator da Enunciação, de modo a investigar quais temas e figuras se mantêm constantes ou se variam nessa instância dos enunciados do corpus estudado; (ii) examinar como o sincretismo verbo-visual decorrente dos memes concorre, no nível discursivo, para constituição de figuras e temas que envolvem o sujeito-professor; (iii) suscitar a análise entre do gênero discursivo meme e as implicações analíticas da teoria semiótica, sobretudo, no nível discursivo  evidenciado as organizações temáticas e figurativas. Ao considerar o meme como parte integrante dos correntes modos de comunicação, enunciação e interação, assume-se o desvelo em constituir reflexões quanto a uma temática em progressiva exploração nos estudos semióticos. Nessa ambiência, os memes manifestam-se como objetos de análise promissores para entender como uma classe profissional é representada por meio desses discursos originários, sobretudo, de ambientes digitais. O elemento central para a estruturação deste estudo é analisar de que modo se configura o Ator da Enunciação, com base nos dados presentes nos discursos digitais em memes sobre o sujeito-professor. É preciso, portanto, não esquecer os percursos que serão adotados para chegar a tal fim. Convém lembrar que a ordenação do Ator da Enunciação acha-se recoberta pelo nível discursivo do Percurso Gerativo de Sentido. instalamos o percurso metodológico que norteará o roteiro de coleta e análise dos dados. Nessa parte, são propostas as abordagens de análise: (i) a microanálise de Strauss e Corbin (2008) auxiliando na categorização inicial dos dados; e (ii) a análise sob o pressuposto teórico do Percurso Gerativo de Sentido. Teremos também disposta uma demonstração de como funcionará a categorização e a análise ao abrigo dessas duas vertentes. Estima-se que nos memes sobre professores o Ator da Enunciação constitui-se temática e figurativamente a partir de organizações singulares pertencentes aos ambientes discursivos digitais, em virtude do teor humorístico, satírico e hiperbólico dos memes, com a expressiva presença de discursos que versam sobre desafios do fazer docente, com o agravante situacional da pandemia do Covid-19 (Sars-Cov-2). Logo, o Ator da Enunciação poderá estabelecer-se como um reflexo crítico e caricato da realidade laboral docente.

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  • LARISSE FERREIRA DE ALCÂNTARA LIMA
  • Paráfrase: uma análise textual-discursiva em redações de estudantes do 3º ano do Ensino Médio de Beberibe-CE

  • Data: 01/12/2023
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  • O trabalho tem como objetivo analisar a paráfrase, como recurso de produção textual, nas redações do “Concurso de Redação Enem: chego junto, chego a 1000!” produzidas por estudantes dos terceiros anos das quatro (04) escolas estaduais de Beberibe/CE, no ano de 2021. A pesquisa propõe identificar os planos parafrásticos locutivo, referencial, pragmático e simbólico de Fuchs (1982) nas redações dos participantes do “Concurso de Redação Enem: chego junto, chego a 1000!”; além de investigar de que forma a paráfrase pode contribuir para a construção de sentidos no texto, para a formação da defesa de posicionamentos e para a construção da autoria e comparar o recurso parafrástico construído em redações avaliadas com médias abaixo de 500 pontos e redações avaliadas com médias acima de 800 pontos do “Concurso de Redação Enem: chego junto, chego a 1000!”. Para isso, o estudo parte das definições de paráfrase para Fuchs (1982, 1985), Ilari e Geraldi (1987), Orlandi (1999), Sant’ Anna (2003), Koch e Elias (2016), dos conceitos de memória para Pêcheux (1975) e da Cartilha do Participante do Enem (2020) disponibilizada pelo certame. Inicialmente o corpus foi composto por quarenta (40) textos das quatro (04) escolas estaduais de Beberibe/CE que participaram do concurso. Diante desse quantitativo, houve a divisão do corpus em dois grupos: textos avaliados com médias abaixo de 500 pontos e textos avaliados com médias a partir de 800 pontos. Posto isso, obtiverame-se vinte (20) textos com médias a partir de 800 pontos e dez (10) textos com médias abaixo de 500 pontos, números correspondentes aos grupos de análise, e os dez (10) textos com médias de 500 a 700 pontos que foram considerados a fim de compará-los com os textos que apenas apresentaram tentativas de construções parafrásticas. Tendo em vista as cinco temáticas disponibilizadas pelo concurso, o participante deveria escrever um texto dissertativo-argumentativo sobre a proposta solicitada, que apresentasse tese e argumentos consistentes. Diante disso, percebeu-se a utilização de ideias contidas nos textos motivadores escolhidos pelo certame por meio de paráfrases linguísticas ou discursivas e constatou-se que os textos com médias a partir de 800 pontos apresentavam, em sua maioria, um discurso a partir da reformulação de um já-dito, sendo a avaliação positiva, pois contribuiu para a autoria textual e, sobretudo, para a defesa de posicionamentos; já nos textos com médias abaixo de 500 pontos, observou-se, em sua maioria, tentativas de paráfrases no plano locutivo ou referencial a partir dos textos motivadores, o que comprometeu a sua avaliação, principalmente, por considerar textos com ideias contraditórias e por vezes incoerentes.

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  • WALNYSSE MARIA RODRIGUES GONÇALVES
  • Análise das práticas hipertextuais de transformação do conto Cupido e Psiquê de Apuleio para o Teatro de Bonecos

  • Data: 06/12/2023
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  • Esta dissertação tem como tema o estudo os recursos intertextuais como práticas discursivas planejadas para a construção de sentidos, com foco nas práticas hipertextuais de transformação do mito de Cupido e Psiquê para o teatro de bonecos. Para tanto, buscou-se analisar as relações intertextuais utilizadas pelo grupo Paideia, nas práticas hipertextuais de transformação do mito clássico, contido na obra O asno de Ouro, de Apuleio, para a peça Psiquê e Eros. Desde 2002, o grupo Paideia tem se dedicado à adaptação de textos clássicos gregos e latinos para a encenação no teatro de bonecos. Esse ofício envolve práticas discursivas de modo bastante particular; uma vez que se trabalha com traduções de textos gregos e romanos, em seu texto original, e, a partir deles, cria-se um novo texto, valendo-se de recursos intertextuais, referenciais e alusões, como práticas planejadas para a construção de sentidos de texto. Para a análise desses elementos, inicialmente, foram realizadas revisões da literatura acerca das noções de texto, textualidade e intertextualidade. Visando à compreensão desse fenômeno como prática discursiva textual, ancoramo-nos nos estudos de Cavalcante (2021), Cavalcante e Brito (2011; 2012), Koch (1985, 1991, 1994, 1997a, 1997b, 2023), Koch, Bentes e Cavalcante (2012), delimitando nossas análises com base nos estudos de Nobre (2014), Faria (2014) e Carvalho (2018), mas, antes, retomamos às pesquisas pioneiras sobre intertextualidade de Genette (2010), Piègay-Gros (2010), Sant’Anna (2003). Partimos do pressuposto de que as adaptações do grupo são, de acordo com Genette (2010), hipertextos da obra clássica O asno de Ouro, seu hipotexto, e que o uso das intertextualidades nas peças, em seus aspectos textuais, é uma estratégia discursiva planejada pelo Paideia que visa à adequação do texto a contextos distintos e alcance dos propósitos pretendidos. Assim, o corpus foi composto por 9 hipertextos (roteiros) da peça Psiquê e Eros, produzidos pelo grupo Paideia para encenação em tempo, espaço e público diferentes. A análise foi dividia em três momentos distintos: a) análise da prática hipertextual do grupo, quanto às técnicas de transformação e parâmetros intertextuais utilizados na construção dos hipertextos. b) análise comparativa de cenas em contextos diferentes; e c) análise dos recursos intertextuais. A partir dessa articulação procuramos descrever o processo de criação dos textos adaptados de Psiquê e Eros; analisar os parâmetros intertextuais utilizados na construção dos hipertextos do grupo; mapear os fenômenos intertextuais e referenciais utilizados no texto adaptado e suas readaptações para diversos contextos de apresentação; e, por fim, identificar o propósito comunicativo das relações entre textos estabelecidas. Ao término de nossa pesquisa, chegamos à conclusão de que a relação estabelecida entre o hipotexto e as diversas práticas hipertextuais do grupo Paideia permitem não apenas a contação do mito, que tem servido de hipotexto para diversas práticas hipertextuais e hiperestéticas, nos últimos séculos, mas convida, a partir de excertos textuais dialógicos, a participação ativa do interlocutor no processo de construção de significados. São essas inserções intertextuais, estritas e amplas, que atribuem o caráter subversivo ao hipertexto do Paideia.

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  • CRISNA BATISTA DA SILVA FERREIRA
  • POLÍTICAS E PLANEJAMENTOS LINGUÍSTICOS PARA A PROMOÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA EM TIMOR-LESTE.

  • Data: 15/12/2023
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  • Timor-Leste é um país localizado no sudeste da Ásia, que possui uma rica diversidade linguística devido à sua história colonial e à miscigenação cultural. Após sua independência de Portugal, em 1975, e a subsequente invasão e anexação pela Indonésia, Timor-Leste passou por um longo período de luta pela autodeterminação. Neste estudo, são analisadas as políticas linguísticas adotadas pelo governo de Timor-Leste pósindependência, bem como os planejamentos linguísticos desenvolvidos para promover a valorização e preservação da língua portuguesa no país. Além disso, serão levados em consideração os aspectos sócio-históricos, pluriculturais e multilíngues que influenciam essa situação. Com base nisso, o presente trabalho tem como objetivo principal analisar a valorização e o fortalecimento da língua portuguesa em Timor-Leste, por meio da discussão e análise das políticas linguísticas e planejamento linguísticos em vigor no país. Para esse propósito, procuramos também analisar as políticas linguísticas de promoção em Timor-Leste e como elas viabilizam ou dificultam a promoção da língua portuguesa no país. Busca-se igualmente identificar os desafios enfrentados na implementação de políticas linguísticas e planejamentos linguísticos para a promoção da língua portuguesa em Timor-Leste, assim como apresentar os impactos conseguidos através das políticas linguísticas de promoção do português. Por fim, temos a intenção de avaliar o impacto das políticas e dos planejamentos linguísticos implementados na promoção da língua portuguesa em Timor-Leste. Diante disso, entrevistamos timorenses, residentes e não residentes (no Brasil), explorando questões como o uso e a importância percebida do português, as experiências de aprendizado da língua, os desafios enfrentados na implementação das políticas linguísticas, e os avanços percebidos na promoção do português em relação às línguas nacionais. Também analisamos algumas políticas linguísticas oficiais para a promoção da língua portuguesa em Timor-Leste, a saber: Constituição da República Democrática de Timor-Leste, promulgada em 2002, que estabelece o português e o tétum como línguas oficiais do país, reconhecendo a importância da língua portuguesa e do tétum como línguas de comunicação, e a Lei n.º 14/2008, de 29 de Outubro (Lei de Bases da Educação), que estabelece as principais orientações para o sistema educativo timorense. No que diz respeito à língua, a lei determina que o português é a língua oficial de ensino e que deve ser promovida em todos os níveis de educação. Estas políticas linguísticas refletem um esforço do governo timorense para promover a língua portuguesa em território timorense. Desse modo, entre os resultados das análises realizadas, destacamos o esforço do Estado timorense na promoção do português no movimento pós independência do país, a importância da promoção das línguas oficiais e nacionais, bem como da cultura timorense, a realidade desafiadora do multilinguismo timorense e a hibridização do português para se manter presente na comunidade timorense.

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  • RITA DE CÁSSIA SAMPAIO ALVES DE SOUSA
  • REFLEXÕES SOBRE ABORDAGENS GRAMATICAIS EM PROVAS DE VESTIBULARES

  • Data: 15/12/2023
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  • Este trabalho tem como objetivo refletir acerca das concepções de gramática implicitamente assumidas em provas de vestibulares. Acreditamos que alguns exames vestibulares assumem diferentes concepções de gramática, o que constrói perfis de questões para ingresso em cada instituição de ensino superior; esses diferentes perfis, torna incoerente a ênfase que a educação básica historicamente concede a uma única visão de gramática — a teórica. A fim de testarmos essa hipótese, procedemos à análise de provas — 11 no total — para ingresso nas seguintes instituições públicas de ensino superior do Estado do Ceará: Universidade Vale do Acaraú (UVA), Universidade Estadual do Ceará (UECE) e Universidade Regional do Cariri (URCA). Esta pesquisa é de caráter qualitativo, do tipo exploratória, com coleta de dados documental. O método utilizado para proporcionar as bases lógicas para a investigação é o método hipotético dedutivo. As 104 questões constitutivas de nosso corpus foram analisadas em conformidade à tipologia gramatical proposta por Travaglia (2009), para o qual o trabalho com gramática pode assumir como foco a Gramática teórica, a Gramática de uso, a Gramática Reflexiva e a Gramática Normativa. Constatamos que a gramática normativa é preponderante na prova de língua portuguesa para ingresso aos cursos de graduação ofertados pela UVA, não havendo textos que atuem como suportes sintático-semânticos para questões gramaticais. As provas para ingresso aos cursos da URCA e da UECE apresentam diversificação no foco concedido à gramática: a de uso, a reflexiva, a teórica e a normativa se fazem presentes nas provas. Pudemos constatar que o foco concedido à gramática teórica na educação básica não se justifica como condição para ingresso em instituições de ensino superior.

2022
Dissertações
1
  • KELLI SCHMIGUEL
  • “NÓS” E “A GENTE”: SALIÊNCIA, PERCEPÇÃO E SIGNIFICADOS SOCIAIS NO ESTADO DO CEARÁ

  • Data: 28/03/2022
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  • Esta dissertação tem por objetivo investigar os fatores envolvidos na avaliação social dos falantes, por meio de testes de reação subjetiva (LAMBERT et al., 1960; CAMPBELL-KIBLER, 2006; OUSHIRO, 2015), dos usos variáveis de nós e a gente no português do Ceará com o propósito de traçar um perfil sociodemográfico e de personalidade de quatro personas que representam os membros da comunidade de prática escolar e de identificar as percepções e os significados sociais atribuídos ao uso das variantes nós [-mos], a gente [-0], nós [-0] e a gente [-mos]. A Fundamentação Teórica baseia-se na Teoria da Variação e da Mudança Linguística (LABOV,  [1972] 2008; WEINREICH, LABOV, HERZOG [1968] 2006), nas contribuições de Eckert (2004, 2005, 2012), nos estudos sociolinguísticos pelo viés da percepção (LAMBERT et al., 1960; CAMPBELL-KIBLER, 2006; ECKERT; LABOV, 2017; OUSHIRO, 2015; FREITAG, 2016), além das pesquisas acerca do fenômeno em estudo (LOPES 1998; NARO; GÖRSKI; FERNANDES, 1999; VIANNA, 2006; RUBIO, 2012a; 2012b; ARAÚJO, 2016; SCHERRE; YACOVENCO; NARO, 2018; CARVALHO; FREITAS; FAVACHO, 2020). A metodologia baseia-se nos testes de reação subjetiva com emprego da técnica conhecida por matched guise, desenvolvida por Lambert et al. (1960) e reproduzida por Campbell-Kibler (2006) e Oushiro (2015). Os informantes selecionados para a pesquisa foram 40 professores e 80 alunos do Ensino Médio da rede pública de educação do Ceará, distribuídos nas 8 macrorregiões administrativas Estado. Os dados foram analisados por método quantitativo e qualitativo, utilizando-se o programa estatístico SPSS para o cálculo de distribuição de frequências. Além de permitir traçar um perfil sociodemográfico e de personalidade de quatro personas que representam os membros da comunidade de prática escolar, os resultados indicam que, na percepção dos informantes, (i) o emprego das formas nós [-mos] e a gente [-0] pode estar relacionado à escolarização, à faixa etária e ao contexto de formalidade/informalidade;  a variante a gente [-0] é pouco saliente na comunidade de prática e pode ser considerada do tipo marcador (LABOV (1972 [2008]), sendo  os alunos menos sensíveis ao uso dessa variante; (iii) as formas nós [-0] e a gente [-mos], que recebem o maior quantitativo de atribuições para as personas que representam alunos, especialmente os alunos homens, podem ser consideradas do tipo estereótipo (LABOV, [1972] 2008); (iv) a variante a gente [-mos] aparenta ser um fator de diferenciação dos professores dentro da comunidade de prática e sua associação ao verbo em primeira pessoa do plural indica traços de hipercorreção entre os alunos. Além disso, em consonância com os dados de produção, os resultados desta pesquisa mostram que os informantes tendem fazer maior número de menções às frases construídas com nós [-mos], quando essas contêm as variáveis linguísticas que favorecem essa variante, e às frases construídas com a gente [-0], quando essas contêm as variáveis que a favorece, confirmando a tendência apontada por Naro, Görski, Fernandes (1999).

2
  • RODRIGO DE MORAES FREITAS
  • A construção da modalidade argumentativa polêmica sobre a vacinação contra a covid-19: análise de textos monogeridos e poligeridos em portais de notícias na web e no Facebook

  • Data: 06/06/2022
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  • Este trabalho tem como tema a modalidade argumentativa polêmica referente às temáticas vacinação e imunização para a covid-19 em interações no âmbito digital Facebook. Esta pesquisa objetiva investigar o funcionamento da modalidade argumentativa polêmica no espaço cibernético do Facebook, sob o gênero discursivo e ferramenta comentário, além da consideração de outros gêneros do discurso, tais como a notícia e o artigo de opinião. Trata-se, então, de uma pesquisa no formato de dissertação que se debruça na perspectiva teórico-metodológica da Teoria da Argumentação no Discurso (AMOSSY, 2017), partindo da sua premissa de que as práticas discursivas se dotam de argumentatividade, sendo esta não exclusiva de práticas consensuais e dos textos em que se defende uma tese apoiada em argumentos. A metodologia de pesquisa é de cunho descritivo e analítico acerca das interações comunicativas conflituosas no plano textual discursivo. Os discursos polêmicos se interligam no próprio ambiente virtual, conforme um discurso polêmico é retomado, isto é, compartilhado e difundido em outros ambientes digitais, convocando, desse modo, as diversas vozes da opinião pública no espaço dos comentários da rede social Facebook. A análise desses textos obedece a blocos de seu desmembramento: textos monogeridos, originados dos seus respectivos sites compartilhados no Facebook, e textos poligeridos, oriundos do gênero comentário a partir da respectiva rede social, com a finalidade de analisar como a polêmica se configura em cada um desses tipos de texto. Dentre os pontos que foram observados, destacamos, primeiramente, que tanto textos monogeridos quanto textos poligeridos podem apresentar argumentatividade conflituosa, sendo esta proposta pela teoria das modalidades argumentativas de Amossy (2017). Em segundo lugar, o espaço virtual de comentários (textos poligeridos) na referida rede social permite que seja práxis, proeminentemente, a ocorrência de desvios de tópico perante aquele que se apresenta na respectiva postagem, bem como argumentos reivindicatórios e generalizações por afirmações sem dados, além do recurso ao argumento ad hominem em sua maioria; enquanto em textos monogeridos há um regramento maior das teses defendidas pelo autor, ocasionando numa organização textual mais elaborada dos seus posicionamentos. Foi observado, também, por fim, que a polêmica no Facebook funciona orientada e contextualizadamente, subjazida por ferramentas discursivas e tecnológicas, sendo estas capazes de reorientar o modo de conversação dos actantes, e por dinâmicas sociais, por esses aspectos nodais corresponderem à emergência das mais novas formas de interação, cada vez mais difusas, como aquelas polêmicas.

3
  • MARCOS PAULO DA SILVA
  • A manifestação referencial dos estereótipos sobre a mulher na construção persuasiva de
    anúncios de cerveja

  • Data: 29/08/2022
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  • O escopo central deste empreendimento de pesquisa é demonstrar como os estereótipos sobre a mulher em anúncios de cerveja são acionados através de recursos textual-discursivos com propósitos persuasivos. Assim, esta pesquisa busca investigar através de marcas referenciais em textos multissemióticos quais os estereótipos sobre a mulher que estão presentes em determinados anúncios de cerveja que circularam no Brasil entre os anos 2010 e 2022. Para tanto, como aporte teórico, em relação aos estereótipos, tomaremos como base os pressupostos de Amossy (2008); Amossy y Pierrot (2010); Amossy (2020); Amossy e Pierrot (2022). Em relação aos processos referenciais, o subsídio teórico convocado foi o seguinte: Apothéloz Reichler-Béguelin (1995); Mondada e Dubois (1995); Cavalcante (2020); Cavalcante e Brito (2020); Cavalcante et al (2020); Cavalcante et al (2019); Capistrano Júnior (2018); Cavalcante e Brito (2016); Cavalcante, Custódio Filho e Brito (2014); Custódio Filho (2012) e Cavalcante (2011). No tocante às bases teóricas sobre publicidade, utilizamos Sandman (1993); Carvalho (1996); Vestergaard e Schroder (2004); Andrews, Van Leewen e Van Baren (2016) e Santioli (2019). Para a verificação da ocorrência dos fenômenos supracitados foram coletados 10 anúncios de cervejas das seguintes marcas, Devassa e A Outra. Foram analisadas as publicidades em forma de cartaz e de anúncios para Instagram. Como resultados preliminares, constatamos que os estereótipos sobre a mulher são textualizados por processos referenciais e que as marcas textuais dos estereótipos são lexicais ou imagéticas, mas podem ainda ser inferidas por pistas ancoradas contextualmente. Por último, constamos que o estereótipo é construído como resultado do processo de transformação pelo qual o referente, de base prototípica é recategorizado com inerente propósito argumentativo.

4
  • KÉSSIO JHONE LOPES DA SILVA
  • O uso do A gente e do Nós pelos falantes dos PALOP

  • Data: 09/09/2022
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  • A presente pesquisa tem como objetivo principal analisar e descrever a frequência de uso dos pronomes de primeira pessoa do plural Nós e A gente nas variedades da Língua Portuguesa Africana, considerando que são bastante diferentes a depender de cada país, o que torna este estudo pioneiro em relação à temática. Nosso trabalho tem como aporte teórico a Sociolinguística Variacionista, conforme Labov (2010). Nesse viés, o corpus, que ainda está em processo de construção, utilizado para a análise é o disponibilizado pelo grupo Variação e Processamento da Fala e do Discurso: análises e aplicações (Profala), do qual retiramos 99 arquivos de entrevistas referentes aos seguintes países integrantes dos Palop: Angola, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e, São-Tomé e Príncipe. Por compreendermos que cada uma das variedades da Língua Portuguesa nos Palop possui especificidades tendo em vista que pode ser materna em uns e em outros não, naturalmente, apresentamos de modo sucinto o contexto sociolinguístico de cada um dos cincos países utilizados nesta pesquisa. Para a análise da frequência baseada no número de ocorrências das duas variantes, em conformidade com outros estudos sobre o fenômeno, utilizamos os seguintes grupos de fatores: País de Origem; Sexo; Tempo de Permanência no Brasil; Preenchimento do Sujeito; Saliência Fônica Verbal; Paralelismo Linguístico de Nível Discursivo; Grau de Determinação do Referente Sujeito e; Tempo e Modo Verbal. Desse modo, os resultados demonstram que de fato existe a variação entre os dois pronomes nos países dos Palop pesquisados. Nota-se que um contato mais duradouro com os falantes nativos do Brasil influencia em um maior uso da variante inovadora. Também destacamos que o país Cabo Verde realiza um maior uso da forma pronominal A gente enquanto em Angola utiliza-se mais a variante conservadora, o pronome Nós.

5
  • BÁRBARA SILVA CRUZ
  • ANÁLISE TEXTUAL E RETÓRICA DA CONSTRUÇÃO DA ARGUMENTAÇÃO EM MATERIAIS INFORMATIVOS DE PREVENÇÃO À COVID-19 NO PORTAL DA FIOCRUZ

  • Data: 29/09/2022
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  • Este trabalho possui o objetivo de analisar por meio da argumentação textual e retórica (GARANTIZADO JÚNIOR, 2015), de que maneira os Textos Informativos em formato de cartazes, publicados entre os meses de março de 2020 a junho de 2021 no portal oficial da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), foram utilizados como medidas preventivas ao contágio e à disseminação do vírus da Covid-19. Teoricamente, esta pesquisa encontra-se alicerçada no trabalho de Garantizado Júnior (2015, 2016), que desenvolveu uma proposta de análise da argumentação sob a ótica de fatores contextuais, ao defender que os Elementos Externos da Argumentação possuem aspectos sócio-históricos (contexto amplo) e situacionais (contexto específico), que exercem coerções nos gêneros textuais. Dessa forma, o plano textual corresponde ao Componente Genérico, seguindo a proposta de Bakhtin (2016), e ao Componente Sequencial, seguindo a proposta de Adam (1992, 2008). Os fatores retóricos são abordados no Componente Retórico, que seria a análise das esquematizações (ADAM, 2008), decorrentes da sequencialidade textual, que direciona para a projeção da imagem do locutor (MAINGUENEAU, 2008) e a utilização das técnicas argumentativas propostas por Perelman e Tyteca (2014). Metodologicamente, a pesquisa possui abordagem qualitativa com o método de abordagem hipotético-dedutivo. O corpus foi constituído a partir do acesso ao portal da Fiocruz, onde foram selecionados cartazes sobre o coronavírus disponíveis na aba “materiais para download”, veiculados no período de março de 2020 a junho de 2021, selecionados de acordo com os critérios e as etapas de análises pré-estabelecidas. Os resultados finais pontam que os Elementos Externos da Argumentação, os denominados fatores contextuais, exercem coerções na elaboração dos textos, construídos conforme as condições sócio-históricas e condições específicas de produção. Ademais, os Elementos Externos exercem coerções no que tange a utilização do gênero Cartaz, uma vez que este possui caráter argumentativo e é responsável por propagar informações e persuadir o leitor a aderir às ideias disseminadas pelos órgãos da saúde, dentre elas, o argumento de que a população deve ficar isolada socialmente. As unidades que constituem o gênero Cartaz (o Componente Genérico) contribuem para a mobilização de argumentos e o processo de argumentação. Além disso, o Componente Retórico é mobilizado no Cartaz por meio da construção da imagem negativa do coronavírus e de como esse vírus é maléfico para a população. Isso ocorre por meio da apresentação de provas com o uso de técnicas argumentativas que buscam provar que a população deve cumprir as medidas preventivas e isolar-se socialmente.

     

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  • FRANCISCO SINVAL FARIAS DE SOUSA
  • CLÁUSULAS RELATIVAS EM REDAÇÕES ARGUMENTATIVAS: UMA ABORDAGEM FUNCIONALISTA

  • Data: 18/11/2022
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  • Este trabalho possui a finalidade de levantar reflexões acerca de aspectos sintáticos, semânticos e discursivos referentes ao emprego de cláusulas relativas em textos argumentativos. Para tanto, realizamos uma análise quantitativa e qualitativa, com o intuito de investigar a cláusula relativa no que se refere à transitividade, empregando categorias relacionadas à Linguística Sistêmico-Funcional, em consonância com os postulados teóricos de Halliday e Matthiessen (2004), e categorias ligadas ao Funcionalismo Norte-Americano, em conformidade com os parâmetros de transitividade de Hopper; Thompson (1980). Ademais, procuramos associar o emprego da cláusula relativa ao tipo de argumento proposto: argumentos quase lógicos, argumentos fundados na estrutura do real e argumentos que fundamentam a estrutura do real (Fiorin, 2015). Extraímos o corpus de redações de nota 1000 elaboradas por participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nos anos de 2018, 2019 e 2020, perfazendo, ao todo, 320 cláusulas relativas analisada. Os resultados revelam que as cláusulas relativas de média e baixa transitividades são as mais frequentes nos textos, evidenciando, em seu emprego, os processos material, mental, verbal, relacional e existencial, e colaborando efetivamente para o encaminhamento argumentativo do texto, com a mobilização de argumentos de definiçãoargumentos pragmáticos, argumentos de causalidade, argumentos por ilustração, argumentos de autoridade, argumentos probabilísticos, argumentos por exemplificação e argumentos de comparação. Dessa forma, diferentemente do que se costuma verificar nas abordagens normativas tradicionais, procuramos demonstrar que o escopo semântico das cláusulas relativas é diversificado e serve a propósitos textual-comunicativos variados no âmbito da argumentação.

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  • ANTONIO EUGENIO RAMOS DA SILVA
  •   PERFIL SOCIOLINGUÍSTICO E AVALIAÇÃO LINGUÍSTICA: RELAÇÃO ENTRE A LIBRAS E A LÍNGUA PORTUGUESA PARA OS SURDOS DO ESTADO DO CEARÁ.

  • Data: 29/11/2022
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  • No Brasil, a língua portuguesa é constituída como língua oficial, no entanto o país dispõe de outras línguas faladas em comunidades minoritárias, gerando assim um país plurilíngue com contextos específicos de bilinguismo, a exemplo das comunidades surdas. A temática desta dissertação recai sobre o perfil sociolinguístico e avaliação linguística no contexto de bilinguismo bimodal dos surdos (a partir de LABOV, 2008; COELHO et al. 2019; CALVET, 2007; OLIVEIRA, 2013; GESSER, 2009, 2012; QUADROS, 1997 e outros), tratamos mais especificadamente da caracterização do perfil sociolinguístico da comunidade surda do Estado do Ceará e, complementarmente, da avaliação que os indivíduos desta comunidade fazem das línguas que empregam: a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e, em sua maioria a língua portuguesa na modalidade escrita, visto que o perfil dos surdos é heterogêneo, desse modo, alguns também empregam a língua portuguesa oral. O objetivo principal da pesquisa é apresentar uma fotografia sociolinguística dos surdos cearenses buscando revelar o status que as línguas utilizadas por esses indivíduos ocupam. Esse trabalho configura-se como sendo do tipo descritivo, pois permite-nos o registro e análise de características das comunidades surdas investigadas, com base na aplicação de inquéritos estruturados com questões voltadas para as características linguísticas, sociais, educacionais e culturais de surdos e de seus familiares, permite-nos ainda um levantamento estatístico de uma amostra considerável das comunidades surdas, sendo respaldada nos pressupostos teórico-metodológicos da sociolinguística de base qualitativa e das políticas linguísticas. Tal abordagem é relevante porque é capaz de fornecer informações e reflexões consistentes, colhidas com rigor técnico e embasados em uma teoria sólida. Os resultados apontam para um perfil de surdos bilíngues, com características por vezes semelhantes ou não no que diz respeito a sua relação com as línguas em questão, a depender do contexto em que aprenderam e nas situações comunicacionais em que utilizam essas línguas em contato, além disso, a pesquisa revela que diferentes fatores influenciam na aprendizagem, tais como idade de aquisição das línguas, material inadequado no ensino de LP, escolas desestruturada e professores não qualificados para o ensino de pessoas surdas.

8
  • CLEÂNIA MARTINS DE OLIVEIRA
  • AS CENAS DE ENUNCIAÇÃO DO ECOSSISTEMA DA DESINFORMAÇÃO CONSTRUÍDO SOBRE A VACINAÇÃO CONTRA A COVID-19: O TEXTO DE VERIFICAÇÃO E SUAS IMPLICAÇÕES

  • Data: 30/11/2022
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  • Esta pesquisa tem como objetivo analisar as cenas de enunciação do ecossistema da desinformação construído sobre a vacinação contra a Covid-19, tomando como base, mais especificamente, o texto de verificação. Nossa análise é ancorada nos pressupostos da Análise do Discurso de origem francesa, sobretudo nas cenas de enunciação (MAINGUENEAU, 2008). Além disso, em busca do conceito de desinformação, apoiamo-nos em discussões recentes sobre o ecossistema de desinformação (WARDLE, 2020; GITAHY, 2020). Para alcançar nosso objetivo, adotamos como princípio metodológico a coleta de textos de verificação, dos sites Agência Lupa, Fato ou Fake e Comprova, do período de janeiro a setembro de 2021, período que coincide com o início da vacinação contra a Covid-19 no país e sua estabilização no calendário de imunização. Desse modo, coletamos 185 textos de verificação publicados nos referidos sites, dos quais selecionamos apenas 16 para análise, tendo como critério básico o de que a notícia falsa verificada tivesse tido mais repercussão nas redes sociais. Partindo desse princípio, buscamos analisar de que modo são instituídas as cenas de enunciação dos discursos que verificam as notícias falsas sobre a vacinação contra a covid-19, observando as especificidades inerentes a cada cena construída nesses discursos. Após a análise verificamos que, quanto à cena englobante, esta corresponde ao tipo de discurso jornalístico. No que se refere à cena genérica, consideramos afigurar-se como a cena genérica reportagem interpretativa. Por fim, quanto à cenografia, verificamos que é constituída a partir de várias cenas validadas, iniciando com a cenografia da notícia e desenvolvendo-se para a cenografia da reportagem interpretativa.

     

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  • MARIA ADELANE MOURA DA SILVEIRA PINHEIRO
  •  O EMPREGO DE VERBOS MODAIS PODER E DEVER NA CONSTRUÇÃO DA ARGUMENTAÇÃO EM REDAÇÕES NOTA MIL DO EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO (ENEM)

  • Data: 30/11/2022
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  • A presente pesquisa está situada no campo da descrição e análise funcionalista e no campo dos estudos sobre os processos de ensino e aprendizagem de línguas, no âmbito da produção de texto, desde sua dimensão subjetiva até sua dimensão social, à medida que se propõe a investigar os aspectos formais e funcionais que caracterizam o emprego de verbos modais poder e dever na construção da argumentação em redações nota mil do Enem, descrevendo e analisando, integradamente, as propriedades contextuais, retóricas, interpessoais, representacionais e morfossintáticas que categorizam o emprego desses verbos. Nesse sentido, este trabalho assume os postulados do paradigma funcionalista, que dá grande atenção aos aspectos funcionais, situacionais, contextuais e comunicacionais envolvidos no uso da língua; em particular, segue as lições do suporte teórico-metodológico da Gramática Discursivo-Funcional (GDF - HENGEVELD; MACKENZIE, 2008), que estabelece uma relação não arbitrária entre a instrumentalidade do uso da língua (o funcional) e a sistematicidade da estrutura linguística (o gramatical). Nesta pesquisa, intenta-se colaborar com a prática do professor do Ensino Básico que carece ainda de um olhar analítico-descritivo em relação ao texto do estudante com vistas a compreender as manobras textual-discursivas realizadas quando do uso de modalizadores. Propõe-se despertar no professor esse olhar através de uma proposta de abordagem de tais elementos com o objetivo de promover a formação de produtores de texto mais conscientes do valor dessa estratégia linguística, especialmente quando atualizada em Redações do Enem, conforme o foco deste estudo. Analisamos um corpus com 60 redações nota 1000 do Enem, 20 de cada um dos seguintes anos: 2018, 2019 e 2020. Formulamos cinco grupos de categorias de análise, a saber: (i) categorias contextuais (tipo de informação mobilizada e temática proposta para redação), (ii) categorias do Nível Retórico-Textual (estratégias argumentativas e estrutura do texto argumentativo), (iii) categorias do Nível Interpessoal (tipo de ilocução), (iv) categorias do Nível Representacional (domínio semântico da marca modalizadora e alvo do modalizador) e (v) categorias do Nível Morfossintático (formas de expressão, modo verbal, tempo verbal). Em relação à análise quantitativa dos dados, utilizamos o programa SPSS (Statistical Package for Social Science, versão 7.5 para Windows). A análise qualitativo-quantitativa dos dados compreende dois momentos correlacionados: o da análise de cada ocorrência, considerada no seu contexto de uso e o da análise dos dados quantitativos obtidos em conjunto, que se faz em constante diálogo com o modelo de investigação funcionalista.Constatamos que os verbos poder e dever constituem meios linguísticos legítimos na construção da argumentação da redação nota 1000 do Enem, uma vez que há regularidade de frequência de uso dessas marcas nos três anos investigados.

     

2021
Dissertações
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  • MUNIRAH LOPES DA CRUZ
  • Fenômenos linguísticos variáveis em livros didáticos de língua portuguesa dos anos finais do ensino fundamental

  • Data: 30/07/2021
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  • Este trabalho investiga o tratamento da variação e de fenômenos linguísticos variáveis em livros didáticos de língua portuguesa dos anos finais do Ensino Fundamental, fundamentado nos pressupostos da Sociolinguística e da Pedagogia da Variação Linguística. Foram eleitos os fenômenos variáveis pronomes pessoais e concordância verbal como foco de investigação na coleção Tecendo linguagens (OLIVEIRA & ARAÚJO, 2018) em razão do interesse em investigar a abordagem desses fenômenos linguísticos após publicação da BNCC (BRASIL, 2018a), documento de caráter normativo que prevê o ensino de variação no Ensino Fundamental – Anos Finais no currículo da disciplina de Língua Portuguesa. A análise dos fenômenos linguísticos na coleção em três categorias: i. Orientação teórico-metodológica, para investigar a concepção de língua, norma e gramática adotada no manual do professor e sua correspondência com as atividades propostas no livro do aluno; ii. Orientação pedagógica, para investigar as amostras de textos utilizadas para fins de análise linguística e sua pertinência para promoção do ensino de variação para os fenômenos analisados; e iii. Orientação prática, para analisar como são propostas as atividades do livro envolvendo os fenômenos em análise. Os resultados mostraram que os livros investigados, aprovados no PNLD 2020, abordam a variação linguística ao tratar de variedades linguísticas, mas o reduz a uma questão de linguagem formal ou informal. Sobre os pronomes pessoais, a coleção apresenta o pronome você(s) para expressar a segunda pessoa, porém classifica-o como pronome de tratamento. Faz menção ao fato do pronome vós ter caído em desuso no Brasil, contudo, este é apresentado no quadro pronominal como pronome ativo. O pronome a gente não é mencionado. A concordância verbal é colocada apenas de acordo com o sistema  pronominal tradicional, excluindo o uso dos pronomes você(s) e a gente, sendo ensinada apenas da perspectiva da norma-padrão.

2
  • ALISSON FERNANDO ABREU DE SOUSA
  • Ethé de credibilidade e de identificação em discursos de posse presidencial no Brasil

  • Data: 06/08/2021
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  • O objetivo dessa dissertação é analisar a construção dos ethé de credibilidade e de identificação em discursos políticos de posse presidencial, considerando (i) as circunstâncias históricas e sociopolíticas que caracterizam os períodos políticos da República brasileira; (ii) os posicionamentos dos presidentes no espectro político-ideológico (esquerda, centro, direita); e (iii) as situações de continuidade de governo e de ruptura partidária ou democrática. A teoria de base tem como referências os(as) autores(as) que entendem o ethos articulado às cenas de enunciação, porque projetado no ato de enunciação, tais como Amossy (2013a; 2013b; 2018), Maingueneau (2008; 2013b; 2015; 2018; 2020) e Charaudeau (2015). Como metodologia, as categorias de ethé de credibilidade e de identificação (cf. CHARAUDEAU, 2015) são analisadas a partir das perspectivas descritiva, qualitativa e explicativa. A pesquisa revelou que os presidentes inseridos em períodos políticos democráticos construíram imagens de si de defensores dos valores e dos interesses do bem coletivo; e aqueles que governaram em períodos autoritários (ruptura democrática) projetaram imagens de “salvadores” da ordem nacional, justificando-se as ações basilares do projeto político “revolucionário”. Quanto ao espectro político-ideológico, foi possível verificar que o presidente posicionado à esquerda projetou de si as imagens de humanidade e de solidariedade; já os políticos da direita construíram ethé voltados para o favorecimento das forças armadas, para a limitação dos gastos com serviços de seguridade social, e para o atendimento aos apelos fortemente assentados na religiosidade, na moral e na integridade da família tradicionalista; por sua vez, o presidente do centro não faz referências a ideias que refletem o seu posicionamento do no espectro político, o que possibilitou a construção de um discurso aparentemente neutro e superficial. Em relação aos discursos de posse produzidos em situação de continuidade de governo, constatou-se que os oradores projetaram ethé de credibilidade, ora pela ênfase na experiência adquirida e nas ações realizadas no mandato anterior, ora para justificar a manutenção de um sistema no governo, para renovar a ordem social. Observou-se também, nos discursos proferidos em situação de ruptura partidária, a constituição de ethé pelos quais os presidentes buscaram tanto identificar-se com a instância cidadã, principalmente a partir de valores políticos, democráticos, morais e éticos; bem como atenuar os possíveis receios quanto à ruptura com governos predecessores, por meio da garantia de ações voltadas para resolver os problemas enfrentados pelo país.

3
  • JAINY KELLY SOUSA RAMOS
  • AS TÉCNICAS ARGUMENTATIVAS CONSTITUTIVAS DOS TEXTOS DISSERTATIVOARGUMENTATIVOS DE ESTUDANTES PRÉ-UNIVERSITÁRIOS DA ESCOLA PROFISSIONAL ADOLFO FERREIRA (REDENÇÃO-CE)

  • Data: 06/08/2021
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  • Resumo: A presente pesquisa tem como objetivo analisar as técnicas argumentativas presentes nas redações das provas simuladas do Projeto de Extensão PROENEM (UNILAB) dos alunos de 3º série do ensino médio da Escola de Educação Profissional Adolfo Ferreira de Sousa – Redenção-CE. Para isso, nossa base teórica será o trabalho de Perelman e Tyteca (2014), que foram responsáveis na proposição do Tratado de Argumentação, em que as técnicas argumentativas tiveram cerne central. Recorreremos, sempre que necessário, a fim de explicar a proposta de Perelman e Tyteca (2014), aos trabalhos de Menezes (2011) e Garantizado Júnior (2015, 2016), que analisaram o uso das técnicas argumentativas no discurso político. Metodologicamente, nossa pesquisa possui abordagem mista (qualitativa e quantitativa), método hipotético-dedutivo e tem natureza exploratória. Nosso corpus é composto por 65 redações dissertativo-argumentativas de alunos pré-universitários, produzidas no mês de abril de 2019. A coleta, digitalização, digitação e codificadas dos textos foi realizada pelos bolsistas e voluntários do projeto PROENEM. Os resultados parciais apontam que as técnicas argumentativas mais recorrentes dentro do texto dissertativo-argumentativo foram aquelas que fazem parte dos argumentos baseados na estrutura do real (140 ocorrências) como, por exemplo, o argumento pelo vínculo causal, o argumento pragmático e o argumento de autoridade. Em seguida, os argumentos quase-lógicos (28 ocorrências) e os argumentos que fundamentam a estrutura do real foram os que menos apareceram no corpus (12 ocorrências). Por fim, intentamos, com esse trabalho, contribuir para a criação de subsídios pedagógicos no que tange à argumentação, visto que os mais variados argumentos só poderão ser avaliados e empregados eficientemente se forem estudados com propriedade pela comunidade escolar.

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  • TATIANA MARTINS OLIVEIRA DA SILVA
  • ESTRATÉGIAS DE (IM)POLIDEZ LINGUÍSTICA: REPRESENTAÇÕES SOBRE O RACISMO EM INTERAÇÕES VIRTUAIS EM BLOGS

  • Data: 06/08/2021
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  • O objetivo desta dissertação é analisar as estratégias de (im)polidez que se mostram nas representações discursivas sobre o racismo em interações virtuais presentes em blogs. Estabelecemos, para alcançar tal intento, como objetivos específicos: a) caracterizar como as representações do racismo aparecem em interações virtuais nos blogs; b) descrever as estratégias de (im)polidez com representações racistas em interações virtuais e c) descrever a construção da face dos indivíduos ao utilizarem estratégias de (im) polidez linguística com representações do racismo em interações virtuais nos blogs. O arcabouço teórico-metodológico para analisar essas estratégias de (im)polidez utilizou-se de dois eixos teóricos combinados. O primeiro trata-se da teoria da (im)polidez linguística com base nos estudos de Brown e Levinson (1987), Leech (1983) e Goffman (2012). O segundo eixo, trata-se da teoria das representações do racismo na linguagem com Kabengele Munanga (1999), Teun A.Van Dijk (2017) e Frantz Fanon (2008). Essa pesquisa tem uma abordagem qualitativa de caráter descritivo e exploratório. A metodologia consistiu na análise de quatro postagens realizadas nos blogs Senso Incomum Voltemos à Direita (duas postagens de cada), para uma comparação de dados entre ambas. Os critérios de análise levam em conta a verbalização do enunciado, a meta comunicacional, os comentários dos usuários dos blogs, público alvo e elementos extralinguísticos como imagens, gráficos e símbolos. Os resultados parciais demonstram que, apesar da moral e dos bons costumes que assumem as postagens impolidas, através das quais explicitamente ocorrem exposições de faces, que os atos de fala proferidos instauram ofensas contra pessoas negras, fazendo surgir conflitos nas interações por meio de atos de fala polidos e impolidos, proferidos por homens e mulheres, interagentes dos blogs investigados. Tais ofensas constituem e são constituídas em modos de naturalização de representações racistas e colonizadoras de populações afrodescentes, as quais reafirmam modos hegemônicos de ser “branco” e “negro”.

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  • SUZE DO AMARAL OLIVEIRA
  • REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE ESTUDANTES EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL: EM ANÁLISE, UMA MOSTRA DE DISCURSO DOCENTE EM REDES SOCIAIS DIGITAIS

  • Data: 07/12/2021
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  • Esta pesquisa objetiva analisar as representações sociais de professores da rede estadual do Ceará sobre seus/suas estudantes em situação de vulnerabilidade social, discursivamente (re)produzidas em redes sociais digitais, no contexto da pandemia da Covid-19. Do ponto de vista teórico, ancoramo-nos nas seguintes teorias: Teoria das Representações Sociais, a partir dos estudos de Moscovici (1976, 2013) e da abordagem discursiva das representações sociais, de Irineu (2019) e outros; e Análise do Discurso Crítica, de Fairclough (1989, 2016),  Magalhães (2005, 2011, 2017) em uma perspectiva nacional, e Resende e Ramalho (2006, 2010, 2016) no viés de decolonialidade. Do ponto de vista metodológico, adotamos o método tridimensional de análise proposto por Fairclough (2016), em uma interface da Análise do Discurso Crítica, no campo da Linguística e da Linguística Aplicada, com a Teoria das Representações Sociais, no campo da Psicologia Social, selecionamos uma mostra de discurso docente materializado em comentários no Facebook e que tinham estudantes em vulnerabilidade social como tópico discursivo. Foram seguidos os seguintes procedimentos: na dimensão do texto, descrevemos os elementos temáticos através dos itens lexicais, dos processos referenciais e do estudo de orações como vetores de representações sociais; na dimensão da prática discursiva, examinamos os processos de produção, distribuição e consumo dos textos que materializam o discurso docente em comentários pelo grupo social digital “Professores do Estado do Ceará”; por fim, na dimensão da prática social, investigamos as bases ideológicas e hegemônicas que sustentam a representação social em questão. Os resultados evidenciaram que o/a estudante em vulnerabilidade social é representado/a como aquele/a estudante-problema que enfrenta muitas mazelas sociais, algo que interfere no processo de ensino e aprendizagem. No entanto, por vezes, para parte do grupo social, alguns destes estudantes acabam se aproveitando da sua situação e agem de má fé, por não fazerem suas tarefas escolares, as leituras indicadas e por não participarem das aulas como se espera. Já sobre a prática discursiva, confirmamos que os textos analisados materializam o discurso docente praticado pelo grupo social enfocado nesta pesquisa tecendo uma rede de sentidos em torno do objeto de representação. Por fim, sobre a prática social, constatamos valores ideológicos neoliberais, alinhavados à hegemonia capitalista, na sustentação da representação analisada.

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