O uso do A gente e do Nós pelos falantes dos PALOP
A gente; Nós; Língua portuguesa; Palop.
A presente pesquisa tem como objetivo principal analisar e descrever a frequência de uso dos pronomes de primeira pessoa do plural Nós e A gente na variedade da Língua Portuguesa Africana, o que torna este estudo pioneiro em relação a temática. Nosso trabalho tem como aporte teórico a Sociolinguística Variacionista, conforme Labov (2010). Nesse viés, o corpus, que ainda está em processo de construção, utilizado para a análise é o disponibilizado pelo grupo Variação e Processamento da Fala e do Discurso: análises e aplicações (PROFALA), do qual retiramos 99 arquivos de entrevistas referentes aos seguintes países integrantes do PALOPs: Angola, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e, São-Tomé e Príncipe. Por compreendermos que a variedade Africana da Língua Portuguesa possuí especificidades, naturalmente, apresentamos de modo sucinto o contexto sociolinguístico de cada um dos cincos países utilizados nesta pesquisa. Para a análise, em conformidade com outros estudos sobre o fenômeno, utilizamos os seguintes grupos de fatores: País de Origem; Sexo; Tempo de Permanência no Brasil; Preenchimento do Sujeito; Saliência Fônica Verbal; Paralelismo Linguístico de Nível Discursivo; Grau de Determinação do Referente Sujeito e; Tempo e Modo Verbal. Nessa perspectiva, por conta da quantidade de dados, optamos por não utilizar programas estatísticos (bastante utilizado em pesquisas sociolinguísticas), assim, decidimos realizar as análises baseada no número de ocorrências das duas variantes, seguidas das porcentagens. Desse modo, entre os resultados iniciais destacamos que de fato existe a variação entre os dois pronomes nos países do Palops pesquisados. Nota-se que um contato mais duradouro com os falantes nativos do Brasil influência em um maior uso da variante inovadora. Também destacamos que o país Cabo Verde realiza um maior uso de A gente e, sem sentido contrário, o país Angola utiliza mais a variante conservadora, o Nós.