ASPECTOS TEXTUAIS DA IRONIA
Ironia. Linguística Textual. Heterogeneidade Enunciativa. Intertextualidade.
Resumo: Esta pesquisa tem por objetivo analisar os traços semântico-contextuais da ironia no X (Twitter) e suas arestas críticas, considerando o contrato comunicativo em cada texto e refletindo sobre traços do fenômeno que convergem para a abordagem teórica da linguística textual. Para realizar essa investigação, assumimos a proposta teórica de Linda Hutcheon (2000), pois, nos parece muito próxima da condução teórica da Linguística Textual porque encara o fenômeno dentro do acontecimento do texto, atentando para os efeitos possíveis provocados no interlocutor. Assim, uma condição para a ironia é que alguém, no mínimo, suponha uma intencionalidade irônica. Adotamos também os pressupostos teóricos metodológicos da Linguística Textual com base em Cavalcante et al. (2019, 2022, 2021), Muniz-Lima (2022) acerca da interação e Carvalho (2018) no que concerne ao fenômeno da intertextualidade. Nesse sentido, adotaremos como aporte teórico além das autoras supracitadas, Brait (2008) quanto a sua abordagem da ironia como procedimento intertextual e interdiscursivo, bem como a contribuição de Marques (2016) acerca do fenômeno irônico ser construído linguisticamente em ambientes digitais. Supomos que a ironia se constrói em torno de uma ambiguidade referencial só recuperável em contextos particulares de uso e tem sempre uma finalidade crítica, uma aresta, e o aparato teóricometodológico da LT permite propor um modo interacional de abordá-la. Metodologicamente, seguiremos a abordagem ecológica de Paveau (2021), na qual propõe que não haja uma dissociação entre os textos nativos digitais e o ambiente em que eles circulam, mas sim sejam analisados de maneira conjunta. Desse modo, analisamos 8 tuítes que apresentam uma construção irônica sobre a investigação que está sendo movida contra o ex-presidente da república Jair Bolsonaro, sobre a recepção, movimentação e a venda de itens presenteados por autoridades estrangeiras durante o seu mandato. Assim, a pesquisa que propomos tem cunho qualitativo (Minayo, 2002) e no que diz respeito ao método de abordagem, com base em Marconi e Lakatos (2001), nossa proposta de investigação é de natureza hipotético-dedutiva.