A CONCORDÂNCIA LOCATIVA NO FALAR DO FORTALEZENSE: PARALELISMO COM AS LÍNGUAS BANTU.
Concordância locativa. Fala. Fortalezense. Línguas Bantu.
O objetivo deste projeto de pesquisa é descrever e analisar a ocorrência da concordância locativa na fala de fortalezenses; tanto na modalidade culta quanto na popular, estabelecendo um paralelo com as línguas Bantu. A concordância locativa dá-se quando o elemento topicalizado é um locativo que funciona como adjunto de verbos existenciais ou de verbos comumente reputados como intransitivos. Geralmente, nessas construções, a preposição acompanha o sintagma nominal deslocado. Trabalharemos com dois corpus de fala elaborados e transcritos por estudiosos da Universidade Estadual do Ceará; a saber: NORPOFOR (Projeto Norma Oral do Português Popular de Fortaleza) e o PORCUFORT (Projeto Português Oral Culto de Fortaleza). Nossa hipótese é que os aspectos linguísticos (formais e funcionais), assim como o aspecto interacional (maior ou menor formalidade), sexo (masculino e feminino) e escolaridade (anos de estudo) condicionam a utilização do uso da concordância locativa. No que tange ao paralelo entre a concordância locativa na fala do fortalezense e as línguas bantu, utilizaremos o banco de dados PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), constituído de 119 inquéritos, parte integrante do projeto PROFALA, sediado na Universidade Federal do Ceará. Trata-se de uma amostra de fala de informantes universitários de origem africana. O objetivo de provar esse PARALELO é ratificar ser falaciosa a expressão "no Ceará não há negros". Essa expressão foi bastante comum entre os cearenses até meados da década de 80, e ainda hoje há quem acredite nessa falácia. Não apenas há negros no Ceará, mas a língua portuguesa dos falantes da capital cearense apresenta marcas das línguas Bantu, como mostra o fenômeno da concordância locativa; ou seja: houve, há e haverá negros no Ceará.