Qualidade de vida e sintomas depressivos de puérperas no Ceará
Enfermagem Obstétrica (D009773). Qualidade de vida (D011788). Período Pós-Parto (D049590). Depressão Pós-Parto (D019052)
A investigação da presença de sintomatologia depressiva no pós-parto e sua influência sobre aspectos relevantes da qualidade de vida possibilita o direcionamento de ações de promoção da saúde materna. Objetivou-se verificar a associação entre a qualidade de vida e sintomas depressivos de mulheres no puerpério. Estudo correlacional, de corte transversal e com abordagem quantitativa, que foi realizado no Estado do Ceará, de forma online, entre os meses de novembro de 2020 a março de 2021, via Google Forms®, com utilização das mídias sociais: Instagram® e WhatsApp®. Foi utilizada técnica de amostragem não probabilística, do tipo intencional, usando cadeia de referências. Todas as participantes, após convite, receberam acesso ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – Versão online/download. Após aceitarem participar do estudo, foram encaminhadas para a versão online dos três instrumentos: um formulário sobre dados sociodemográficos, clínicos e obstétricos; a Escala de Depressão Pós-Parto de Edimburgo (EPDS) e o Instrumento abreviado The World Health Organization Quality of Life (WHOQOL-bref), com tempo estipulado de quinze a vinte minutos. Os dados organizados, em seguida, analisados no software Statistical Package for the Social Sciencies (SPSS) versão 24. As pontuações dos domínios de qualidade de vida foram avaliadas quanto a normalidade por meio do teste de Shapiro-Wilk e comparados com as variáveis independentes por meio dos testes não-paramétricos de Mann-Whitney ou de Kruskal-Wallis. Foi adotado um nível de significância de 5%. O projeto foi aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da UNILAB, conforme no do parecer 4.394.957. Foram incluídas no estudo 174 puérperas até 45 dias pós-parto, residentes no estado do Ceará, maioria residente na capital de Fortaleza (58,6%; n=102), na faixa etária de 18 a 30 anos (70,1%; n=122). Quanto a ocorrência de sintomas depressivos, foi identificado um elevado percentual de participantes (41,4 %; n=72), com importantes fatores associados: presença de patologia na gestação (p= 0,046) e histórico pessoal de depressão (p < 0,001). Ao avaliar a qualidade de vida, o melhor domínio avaliado foi o psicológico (média = 66,7; mediana =
70,8). O pior domínio avaliado foi o físico (média = 62,8; mediana = 66,1). Ao correlacionar a presença de sintomas depressivos e os escores de qualidade de vida, foi observado que as puérperas com sintomas depressivos apresentaram valores de média e mediana significativamente menores em todos os domínios de qualidade de vida (p < 0,001). O pior domínio avaliado em relação as puérperas que apresentaram sintomas depressivos, foi o de relações sociais (média = 50,6; mediana = 50). Concluiu-se que a qualidade de vida de puérperas foi afetada significativamente por diversos fatores sociodemográficos, clínicos e obstétricos como faixa etária, religião, domicílio, ocupação, renda, intercorrência no parto, aumento de peso significativo, patologia antes e durante a gravidez, gravidez planejada, classificação de risco, droga ilícita na gestação, histórico pessoal e familiar de depressão, e medo/preocupação em ter COVID-19. A presença de sintomas depressivos influenciou negativamente em todos os domínios de qualidade de vida de mulheres no puerpério.