CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE VÍDEO EDUCATIVO SOBRE INFECÇÃO SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEL PARA SURDOS
Doenças Sexualmente Transmissíveis, Recursos Audiovisuais, Educação em Saúde, Pessoas com deficiência auditiva.
As pessoas com deficiência estão, cada vez mais, tornando-se notadas na sociedade por representarem uma parcela significativa na população. No Brasil, há cerca de 46 milhões de pessoas com deficiência. O Ceará é o terceiro estado com maior índice de pessoas com alguma deficiência. A deficiência auditiva, apesar de ocupar a 3ª posição nos dados censitários, representa parcela significativa quando analisado os dados mundiais. A pessoa com deficiência auditiva possui limitação na comunicação, o que pode interferir na sua vida e nos serviços prestados a ela pela sociedade. A sexualidade é um dos aspectos pouco explorados na comunidade surda, o que induz a adoção de estigma e dogmas relacionados ao seu exercício. Nesse sentido, é possível identificar a necessidade da realização de ações de promoção da saúde e desenvolvimento de tecnologias educativas que possibilitem a diminuição da vulnerabilidade sexual a qual o surdo está inserido. Este estudo tem como objetivo identificar o conhecimento do surdo acerca das Infecções Sexualmente Transmissível (IST), construir e validar vídeo educativo sobre uma IST para surdos. Trata-se de um estudo metodológico, com método misto do tipo sequencial exploratório. O método sequencial exploratório tem duas fases de coleta de dados e de análise de dados, na qual a primeira etapa é representada pela qualitativa, e em seguida a quantitativa que foi desenvolvida sobre os resultados da primeira fase. Na primeira fase foi realizado diagnóstico situacional do conhecimento prévio dos surdos sobre as IST, nesta etapa para a coleta de dados foi utilizada a técnica de grupo focal. A segunda fase foi a construção e validação do vídeo educativo sobre a IST identificada na fase anterior. Para a construção do vídeo educativo seguiu-se as sete fases: 1-pré-produção: sinopse e argumento, 2-pré-produção: roteiro, 3-pré-produção: storyboard, 4- validação do conteúdo do storyboard, 5- produção do vídeo, 6-pós-produção, e 7- validação de aparência do vídeo. A amostra da primeira fase da pesquisa foi composta por surdos de uma instituição de educação exclusiva para surdos, localizada em Fortaleza, Ceará e selecionados por amostragem probabilística. Os critérios de inclusão foram: alunos matriculados regularmente, com no mínimo 18 anos. Os critérios de exclusão foram: surdos que possuíam cegueira associada. A amostra da segunda fase da pesquisa foi composta por 23 juízes por meio de uma amostragem não probabilística. A validação do conteúdo do storyboard foi baseada em julgamento por juízes na área da saúde, e a validação de aparência foi baseada em julgamento de interpretes de libras e/ou educadores com experiência com surdos. Para processamento dos dados obtidos no grupo focal foi utilizado o Software Interface de R pour lês Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires (IRAMUTEQ). A análise interpretativa se deu pela análise de conteúdo segundo Bardin. Para produção do vídeo educativo foi adotado a técnica de animação 2D, e para a concepção da animação foi utilizado um método de duas etapas, modelagem conceitual e modelagem digital. Para análise estatística inferencial foi utilizado o Índice de Validade de Conteúdo (IVC). O IVC foi calculado por três equações matemáticas: O S-CVI/AVE, S-CVI/UA e I-CVI. Foi considerada uma média de concordância de pelo menos 0,8 entre os juízes para que o item seja considerado relevante. Esta pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética e Pesquisa (CEP), por meio da Plataforma Brasil e aprovado com parecer nº 3.722.262.