Efetividade da Intervenção de Enfermagem Prevenção contra quedas em idosos com hipertensão arterial: ensaio clínico randomizado.
Idoso. Acidentes por quedas. Diagnósticos de Enfermagem. Ensaio Clínico. Hipertensão. Enfermagem.
O envelhecimento populacional é um fenômeno crescente e global. Junto a ele, surgem inúmeros problemas sociais e em saúde, dos quais destacam-se as quedas. Estas são bastante preocupantes em idosos com doenças crônicas, como a hipertensão arterial. É, portanto, necessário que o enfermeiro implemente intervenções efetivas para prevenir a ocorrência desse evento nessa população. O objetivo desta pesquisa foi avaliar a efetividade da Intervenção de Enfermagem Prevenção contra quedas em idosos com hipertensão arterial e com o Diagnóstico de Enfermagem Risco de quedas. Trata-se de um Ensaio Clínico Randomizado, multicêntrico e triplo-cego, realizado em três unidades básicas de saúde (Sede I, Sede II e Boa Fé) do município de Redenção-CE. A amostra final foi de 118 idosos de ambos os sexos e com idade ≥ 65 ≤75 anos, conforme os critérios de inclusão e descontinuidade. O GI, formado por 58 idosos recrutados da unidade de Boa Fé, recebeu a Intervenção de Enfermagem Prevenção contra quedas. Já o GC só recebeu o atendimento de rotina na unidade e foi constituído por 60 idosos recrutados da Sede I e Sede II. Para alocar os participantes, adotou-se a randomização simples por meio de sorteio. Fez-se o pareamento por sexo e idade, de modo a manter uma homogeneidade intergrupo, reduzindo as chances de elas confundirem a interpretação dos achados. Foram cegados os seguintes envolvidos: participantes, avaliadores dos desfechos e estatístico. A coleta de dados, realizada entre abril de 2019 e janeiro de 2020, foi feita em três fases: linha de base (recrutamento, apresentação da pesquisa e inferência do Diagnóstico de Enfermagem Risco de quedas), aplicação da intervenção Prevenção contra quedas e avaliação dos desfechos. Os dados foram coletados na unidade de saúde e por meio de visita domiciliar. Utilizaram-se os seguintes instrumentos: formulário de caracterização sociodemográfica e clínica; instrumento para prevenção de quedas em idosos com hipertensão arterial; escalas NOC de avaliação do estado de saúde para idosos do grupo intervenção com o DE Risco de quedas; escalas NOC de avaliação do estado de saúde para idosos do grupo controle com o DE Risco de quedas e um formulário de verificação da ocorrência de quedas no GI e no GC. As variáveis preditoras constituíram de dados sociodemográficos, clínicos e da intervenção, enquanto que as variáveis de desfecho foram a ocorrência de quedas, a magnitude de indicadores NOC e a magnitude do diagnóstico Risco de quedas. A magnitude de indicadores NOC foi o único desfecho avaliado duas vezes. Na primeira avaliação, realizada com um mês após a intervenção, ela serviu para embasar a tomada de decisão da pesquisadora em relação ao reforço ou não da intervenção. Os desfechos (ocorrência de quedas, magnitude de indicadores NOC e magnitude do diagnóstico Risco de quedas) foram avaliados na terceira visita domiciliar, após três meses da aplicação da intervenção. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva e inferencial e organizados em tabelas. Os resultados mostraram que os grupos foram estatisticamente semelhantes (p>0,05) e, portanto, comparáveis. A intervenção foi efetiva para prevenir a ocorrência de quedas (p=0,038). Houve uma diferença significativa entre a presença e a ausência do diagnóstico Risco de quedas no GI (p=0,003). Após três meses da intervenção, foram alterados os seguintes fatores de risco: ambiente cheio de objetos (p=0,038), iluminação insuficiente (p=0,021), uso de tapetes soltos (p<0,001), redução de força em extremidade inferior (p=0,042). Observou-se uma diferença significativa nestes indicadores NOC: identifica fatores de risco (p<0,001), monitora os fatores de risco ambientais (p<0,001), monitora os fatores de risco pessoais (p<0,001), recorda informações recentes com precisão (0,003), oferece assistência à mobilidade (p=0,003), suprimento e equipamentos necessários ao alcance (p=0,002), quando solicitar assistência a mobilidade (p=0,008), coloca barreiras para evitar quedas (p<0,001), organização do mobiliário (p<0,001), fornece iluminação (p<0,001), utiliza corrimão quando necessário (p=0,012), utiliza barras de apoio quando necessário (p=0,041), estratégias para manter seguras as superfícies do chão (p<0,001), utiliza tapetes de borracha no chuveiro (p<0,001), calçado adequado (p<0,001), utiliza óculos corretamente (p<0,001) e participação em atividades de lazer com baixa demanda física (p<0,001). Conclui-se que a intervenção Prevenção contra quedas é efetiva para prevenir a ocorrência de quedas. Houve uma mudança nos fatores de risco ambientais, como iluminação insuficiente e material antiderrapante insuficiente no banheiro. Notou-se uma elevação significativa dos escores de indicadores NOC para o diagnóstico Risco de quedas.