Efeitos do alho (Allium Sativum) no tratamento da Candidíase Vulvovaginal em comparação com a terapia farmacológica convencional: revisão sistemática
Alho, Candidíase Vulvovaginal, Fármacos, Plantas medicinais
Resumo: O alho (Allium Sativum) é uma espécie que vem sendo usada na ginecologia natural, no combate à candidíase vulvovaginal. A fim de contribuir na promoção do uso seguro e eficaz de plantas medicinais, torna-se necessário analisar as evidências as produzidas acerca deste produto. O objetivo do presente trabalho foi analisar os efeitos do alho no tratamento da candidíase vulvovaginal em comparação com a terapia farmacológica convencional. Para tanto, foi realizada uma revisão sistemática da literatura, conduzida de acordo com as diretrizes da Cochrane Collaboration e do Protocolo PRISMA 2020. Foram incluídos estudos primários do tipo ensaio clínico randomizado controlado sobre os efeitos do alho sobre a CVV comparado a terapias farmacológicas; disponíveis gratuitamente e na íntegra. Foram realizadas buscas nas bases de dados e bibliotecas Cochrane, Scientific Electronic Library Online, PUBMED, Portal de periódicos da Capes, CLINICAL TRIAL, Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos e Biblioteca Virtual em Saúde. Os resultados foram importados para o gerenciador de referências Rayyan e analisados sobre risco de viés, através da ferramenta da Cochrane (RoB 2). Foram encontrados um total de 5222 estudos, dos quais, 3 estudos foram submetidos à análise. Os três estudos incluídos foram produzidos no Irã, nos anos de 2016, 2014 e 2010, e que estavam disponíveis em inglês. Dos três estudos, um utilizou duplo cegamento, outro aplicou o cegamento apenas para os participantes e o terceiro não mencionou cegamento. Acerca das formas farmacêuticas utilizadas, observou-se que um estudo comparou creme de alho com clotrimazol creme a 2%, outro comparou fluconazol comprimido dose única, com comprimido de alho, e outro comparou creme à base de alho e tomilho com clotrimazol creme. Nos dois estudos comparando clotrimazol creme e alho, os resultados não apresentaram diferença estatística significativa entre os dois tratamentos; já no caso do alho comparado ao fluconazol comprimido, o fluconazol se mostrou mais eficaz na melhoria geral dos sintomas do que o alho. Apenas um dos três artigos não mencionou efeitos colaterais, e os outros dois reportaram náuseas e “outros efeitos colaterais", tanto dos fármacos quanto do alho. Quanto à análise metodológica, observou-se que os estudos incluídos apresentaram alguns vieses, como ausência de menção a cegamento de participantes e pesquisadores, bem como a não menção se foi utilizado protocolo ou intenção de tratar, no Ensaio clínico randomizado. O estudo que comparou creme de alho a clotrimazol creme foi o que apresentou menor número de domínios assinalados como baixo risco. Assim sendo, observa-se que a realização deste estudo, permitiu a identificação de evidências acerca da eficácia do alho no tratamento da candidíase vulvovaginal bem semelhante aos fármacos; contudo, desvelou a necessidade de que mais ensaios clínicos randomizados sejam desenvolvidos acerca dos efeitos do alho no tratamento desta doença.