O quilombo das mulheres: organização e luta na comunidade de Alto Alegre
Mulheres Quilombolas; Território; Resistência
O ponto central dessa dissertação é apresentar o debate sobre o protagonismo e a luta cotidiana das mulheres quilombolas na comunidade de Alto Alegre, município de Horizonte – Ceará. O agenciamento das mulheres quilombolas de Alto Alegre é percebido a partir dos diversos papéis das tomadas de decisões, nos espaços domésticos, religiosos, produtivos, educacionais e organizacionais. As mulheres participam na luta pelo território, resistindo de várias formas, via política sindical, partidária, representativa, via organização e liderança de aspectos sociais do cotidiano. Na interação com as mulheres quilombolas, grupo do qual faço parte, foi possível ouvir, aprender, compreender e dialogar sobre a importância das práticas cotidianas que elas realizam criando um movimento de (re)existência no território e pelo território. É no cotidiano que as mulheres quilombolas transgridem o sistema opressor e tecem redes de solidariedade que ao se constituírem, ampliam o campo epistémico de conhecimento mútuo, coletivo, ancestral. Diversos saberes que contribuem para o fortalecimento da identidade de mulher, de negra, de quilombola. O modo de viver, a variedade de agenciamentos dessas mulheres que é o próprio modo de ser quilombola foi observado como objeto dessa pesquisa de cunho qualitativa, a partir de conversas informais gravadas, observação em campo e grupos focais em formato de rodas de conversas. Amparada pela interdisciplinaridade estabelecida entre a História e a Antropologia (RATTS, 2012; HAMPATE BÂ, 2010), e a literatura sobre as mulheres negras (OYĚWÙMÍ, 2004; CARNEIRO, 2011) além das reflexões sobre identidade e território (NASCIMENTO, 1985; SANTOS, 2015) foi possível realizar esse trabalho.