IDENTIDADES INVISIBILIZADAS E CORPOS CONTROLADOS: DEBATES ACERCA DA PARTICIPAÇÃO DAS POPULAÇÕES NEGRAS E DE SUAS RESISTÊNCIAS NO CEARÁ (1868-1903)
Invisibilização, População Negra, Identidade, Intelectuais, Ceará.
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[AdSG1]Tamanho 10
A invisibilização da presença negra da narrativa histórica de formação do Ceará ao longo das últimas décadas vem sendo problematizada por pesquisas que contestam a ideia de que no Ceará a população negra não esteve presente. Essa longa caminhada de pesquisadores que (re)escrevem as histórias dos afro-cearenses nos permite afirmar que hoje não é mais viável essa narrativa. A presente pesquisa visa a contribuir com as discussões sobre o processo de invisibilização com o intuito de romper com as narrativas ainda tão presentes no imaginário cearense e no meio acadêmico. Dessa forma, se examina as tentativas de controle e o protagonismo da população negra no Ceará a partir da segunda metade do século XIX e meados do século XX. A delimitação temporal da pesquisa terá como recorte o ano de 1868, por conta do código de posturas sobre a proibição da venda de água até 1903 do tricentenário do Ceará em que o Instituto Histórico produziu textos referentes à formação da região. Discutiremos de que modo a criação de uma identidade negativa (identidade atribuída), proposta por Kabengele Munanga (1994), tem relação com o processo de invisibilização da população negra, essa análise também se apoiará na discussão feita por Achille Mbembe (2014) sobre a inferiorização do negro. Para realizar a análise da invisibilização, do controle e do protagonismo nos apoiamos em autores como: Nilma Lino Gomes (2005), Roberto Damatta (1981), Antonio Vilamarque Carnaúba (2006), Janote Pires Marques (2013), Paulo Henrique de Souza (2012), Juliana Magalhães Linhares (2011) dentre outros. Procuraremos evidenciar a exclusão e marginalização da população afro cearense por meio dos discursos oficiais da elite intelectual e das medidas de controle representadas pelos códigos de posturas que atingiam diretamente esses sujeitos. Para a análise documental será utilizado o método de análise de conteúdo proposto pela autora Laurence Bardin (1977). Com isso, nossa intenção será interpretar se as “comunicações” emitidas nos documentos representaram um mecanismo de “informação” e de controle para os sujeitos daquele período e se esses sujeitos subalternizados encontravam formas de resistências através das irmandades e grupos que possibilitavam uma rede colaborativa de afirmação identitária.