A CONSTRUÇÃO DO ETHOS DE SUBALTERNIDADE DE MULHERES NEGRAS NA NOVELA ANTONIO MARIA (1969 A 1970)
racismo estrutural; mulher negra; ethos discursivo; estereótipos
No presente trabalho, tentamos identificar, através da narrativa da telenovela brasileira, os estereótipos que reproduziram um ethos de subalternidade atribuído à mulher negra. Neste sentido, nosso objetivo foi o de mostrar quais foram os processos de estereotipia que contribuíram para desumanizar a figura do corpo negro feminino por meio da (re)produção de um ethos de subalternidade da mulher negra através das novelas das décadas de 1960 e 1970, especificamente, a novela Antonio Maria(1968 e 1969). Com o propósito de uma pesquisa interdisciplinar, para esta discussão, propomos a articulação entre a noção de Identidade Cultural e Representação Social proposta por Hall(2006), as identificações que surgem por meio de estereótipos cristalizados na memória coletiva de diferentes grupos sociais na perspectiva de Amossy e Pierrot (2010), noção da categoria de ethos discursivo e cenografia trabalhada por Mainguenau (2016), o racismos estrutural e racismo antinegro (ALMEIDA, 2018) e Nogueira (2016) e, por fim, a perspectiva pós-colonial embasada por Kilomba (2019), Fanon (2008), Bhabha (2010) e Spivak (2010). Apesar de diversas novelas terem contribuído para o estereótipo de subalternização, o nosso corpus será composto por alguns capítulos da novela Antonio Maria (1968/69)- como presença de dois atores negros e que teve grande repercussão nacional e internacional num período de popularização das Tv em residências menos abastadas e, portanto, foi um grande vetor de ideias e comportamentos. Iniciamos nossa dissertação examinando a situação pela qual o Brasil passava no século XX em relação à política, àeducação, aos meios de produção, para mostrar como se constituiu o trabalho para os que não eram brancos e como a mulher negra estava inserida na sociedade. Por meio das análises feitas do exemplário e dos autores escolhidos, buscamos realizar uma análise qualitativa dos dados para mostrar como o fenômeno de representação da mulher negra foi convocado para a criação de uma imagem de subalternidade. Pretendemos evidenciar as influências negativas que acontecem no imaginário popular quando palavras e imagens são repassadas nas televisões brasileiras sem uma reflexão histórica, sociológica ou psicológica desses estereótipos.