CULTURA E PODER EM CASAMANSA (SÉCULO XVI -XIX): UMA REVISÃO ENDOGENA DA ETNOGRAFIA DO BOLETIM CULTURAL SOBRE A REGIÃO
Cultura; Poder; Casamansa; Boletim Cultural
Nos últimos tempos tem aumentado estudos em relação a costa da África ocidental no que tange suas culturas, políticas, economia, tanto nos períodos antes da presença árabe e europeia no continente, quanto nos períodos pós-coloniais. Nossa pesquisa vem nesta perspectiva de estudar a região de Casamansa, localizada hoje na República de Senegal como parte importante na construção da identidade regional de Senegâmbia. Entendemos que umas das formas para a compreensão das culturas e vivências de vários povos que ali vivem necessita-se de um olhar endógeno numa direção na qual a oralidade apresenta como centro de comunicação e de preservação da memória das sociedades. Estes desafios vêm na medida que muitos documentos consultados sobre a região têm apresentado vazios que acabam negando o protagonismo da história ao africano em detrimento dos estrangeiros. Ou seja, analisando os autores que publicaram no Boletim Cultural da Guiné Portuguesa percebe-se uma conotação do africano como incivilizado, tanto que suas culturas foram representadas como selvagens na maioria dos casos. Reivindicamos e propomos uma revisão, uma análise crítica dos documentos escritos nestes períodos pelos europeus, que partiam de um olhar de fora das sociedades. Diante disso, entendemos que muitos dos estudos africanos estão invertidos, daí a necessidade de uma reconstrução e reformulação do que escreveram a respeito dos povos destas regiões nestas épocas. Contudo, reconhecemos os avanços que os estudos africanos têm dado nos últimos tempos, nesta perspectiva, nossa pesquisa vem complementar neste debate em relação aos povos africanos, suas culturas, poder, política, economia e outras formas de vivencias.