Reminiscências Mouras na Música de Elomar
Península Ibérica; Mouros; Sertão; Elomar.
A pesquisa faz um diálogo entre os aspectos literários, historiográficos e estéticos como uma proposta de interpretação da obra musical de Elomar Figueira Mello, que tem o sertão como geografia mítica e simbólica na sua produção, envolvendo temáticas e sonoridades reinventadas e povoadas por elementos culturais mouros. Elomar cria um ambiente sertanejo e nele constrói uma estrutura ficcional onde ocorrem suas narrativas.Elomar elege o cantador, “cantadô di trovas i martelo / di gabinete, lijêra i moirão” como seu principal personagem narrador de histórias. Para compreender a forma e o conteúdo da estética do sertão simbolizado na música de Elomar necessita-se do entendimento historiográfico de como se deu a expansão árabe, desde a unificação da Península Arábica até a conquista da Península Ibérica e o domínio mouro por oito séculos. E da Ibéria como essa cultura se estabelece no sertão. A análise se dá a partir do fio condutor do álbum “Das Barrancas do Rio Gavião” que é o retirante, sob o olhar dramático e humano; o “Auto da Catingueira” trata do mundo real e mítico de Dassanta e as paixões que inspirou, com sua beleza que “matava mais qui cobra di lagêdu”, também apresenta as lutas do sertanejo no cenário da caatinga; e, por fim, o álbum “Dos Confins do Sertão” retrata um lugar distante em um cenário de isolamento, numa realidade idealizada e deslocada no tempo e no espaço. Claramente os estudos culturais da música popular serão fortalecidos no final da pesquisa, ressaltando tradições e valores como um patrimônio sonoro-cultural do país. Além disso, deve enriquecer o lugar de debate sobre as referencias sonoras, ampliando o conhecimento das nossas matrizes culturais, especialmente os aspectos culturais mouros.