EPISTEMOLOGIAS DOS SUBALTERNIZADOS: ETNOCIÊNCIA NAS PRÁTICAS TRADICIONAIS DE PRODUÇÃO DE GROGU PARA A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL EM CABO VERDE
Afrocentricidade. Epistemologias. Subalternidade. Sustentabilidade. Cabo Verde.
Os últimos anos têm evidenciado que os rumos da sociedade humana precisam mudar, os problemas ambientais têm se mostrado cada vez mais e um futuro de uma mudança climática irreversível se aproxima. Desse modo, o estudo da Etnociência tem ganhado importância, devido às questões relacionadas com as preocupações socioambientais, que têm como estratégia reduzir as emissões de gases de efeito estufa para a sustentabilidade do planeta. Tomando a Etnociência como um dos pontos centrais para a legitimação de uma nova epistemologia de conhecimento, proposta a partir das práticas de saberes produzidos por aqueles que foram e são subalternizados pelo pensamento ocidental, essa pesquisa tem como objetivo geral investigar os limites e as possibilidades dos conhecimentos etnocientíficos de agricultores cabo-verdianos para a produção manual de grogu para a sustentabilidade local. A pesquisa de abordagem qualitativa caracteriza-se como um Estudo de Caso, utilizando como estratégias de aproximação com a realidade, a observação e a realização de entrevistas com pessoas que dominam a prática de produção do grogu no seu processo manual, na localidade de Cidade Velha, no município de Ribeira Grande, na Ilha de Santiago, Cabo Verde. Os resultados dessa pesquisa revelam que os conhecimentos e os saberes tradicionais detidos pelos agricultores cabo-verdianos, especificamente de Cidade Velha, são mantidos conscientemente por meio da sustentabilidade ambiental forte e com a reutilização de técnicas tradicionais no processo de produção de grogu, especificamente a reutilização do trapitxi, é possível diminuir a produção e consumo dessa bebida alcoólica, para o combate de alcoolismo em Cabo Verde, além de preservar a história e a cultura desse povo.