ESCREVIVÊNCIA DE UMA MULHER HIV+ POBRE LATINA-AMERICANA E VINDA DO INTERIOR
Escrevivência Autobiográfica; Mulher Pobre; HIV+; Necropolítica; Resistência.
A dissertação é uma escrevivência autobiográfica em espiral da experiência corporal positiva para o vírus da imunodeficiência humana/VIH de uma mulher pobre, latino-americana e vinda do interior de Baturité, cidade situada no Nordeste do Brasil. Sou vinculada à linha de pesquisa Trabalho, Desenvolvimento e Migrações do Programa de Pós-Graduação do Mestrado Interdisciplinar em Humanidades/MIH da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira/UNILAB, e ainda, do Grupo Interdisciplinar Marxista (GIM/UNILAB). Metodologicamente, mediante os fundamentos das ciências humanas aplicadas à saúde, interdisciplinarmente, analiso as contradições da necropolítica de desmonte das políticas públicas de saúde no nordeste do Brasil. É pela memória encarnada nas experiências vividas que denuncio o que há de mais perverso na necropolítica, ou seja, a administração da vida/morte por omissão, na qual não se espera que o sujeito morra abruptamente, mas que sucumba aos poucos sob o peso do abandono, da indiferença e da dor. A necropolítica, ao priorizar o lucro sobre o cuidado, descarta os corpos considerados improdutivos. As vidas das pessoas pobres, negras, indígenas, com deficiência e vivendo com HIV tornam-se indiferentes, reforçando a tese de que o abandono institucional não é casual, mas estrutural. Finalmente, a escrevivência HIV+ é memória viva de luta e resistência à sociabilidade do Capital. A experiência individual se inscreve, assim, em uma coletividade de vivências subalternizadas/pauperizadas, transformando a dor em protesto e a memória em arma de luta.