REDENÇÃO APRISIONADA NO CONCRETO DOS MONUMENTOS: UM ESTUDO HISTÓRICO, ESPACIAL E ESPECULATIVO NA PIONEIRA CIDADE ABOLICIONISTA DO CEARÁ
Monumentos em Redenção; pessoas negras e representação; história da abolição no Ceará; espaço; arte especulativa e memória negra radical
O seguinte trabalho trata-se de uma pesquisa acerca do lugar dos monumentos na cidade de Redenção – CE, município esse que é considerado o primeiro a abolir a escravatura legal no Brasil e que remonta sua historicidade a esse fato como o mote fundador de símbolos e identidades. Cabe destacar que os monumentos presentes na zona urbana do município remetem a abolição e a própria escravidão ares de um passado em glória, edificando uma paisagem de horror racial à imagem de pessoas negras. Dito isso, a pesquisa em questão busca traçar um percurso interdisciplinar a partir de um caminho narrativo do próprio autor que perpassa entre a antropologia, a história, a geografia e a arte especulativa, tendo a cidade de Redenção, em especial seus monumentos, como o objeto de pesquisa. Para isso, é elaborada uma Encruzilhada Metodológica, onde as quatro disciplinas destacadas confluem caminhos de pesquisa em relação ao objeto. No primeiro capítulo, a pesquisa é elaborada a partir de uma autoetnografia que narra o processo de contato e imersão do autor com a cidade de Redenção, sendo destacado as serras, os monumentos e a UNILAB na formação do pesquisador. O segundo capítulo, foca no estudo historiográfico da representação de pessoas negras no município, a partir da produção de dados com o método de pesquisa documental nos acervos do Museu Memorial da Liberdade em Redenção e do Arquivo Público do Ceará (online), busca-se compreender como pessoas negras participaram de forma ativa no município desde o período escravocrata e como sucessivamente foi sendo construída sua representação a partir dos símbolos e monumentos na invenção do que conhecemos hoje como Redenção. No capítulo seguinte, a pesquisa adentra no estudo da espacialidade desses monumentos e da própria cidade como um destino da paisagem histórica, utilizando de métodos de análise e conceitos da geografia de Milton Santos, onde o espaço é entendido como esse complexo indissociável de sistemas de objetos e sistemas de ações, assim, a paisagem, a rugosidade e a forma-conteúdo são destacados como mote de análise dos monumentos. Por fim, a arte é convocada no desejo de especular possibilidades de outras paisagens narrativas desde os monumentos, tendo como ponto de partida trabalhos artísticos produzidos em intervenções a alguns símbolos da cidade, que buscam tanto nas artes visuais como no audiovisual e na performance, construir imaginários radicais da memória negra local e internacional. Desse modo, a pesquisa se desloca em um estudo espiralado e interdisciplinar, com o desdobramento de organizar um material de posicionamento e investigação sobre as pessoas negras e suas representações em Redenção, os seus desdobramentos na imagem associada ao espaço-tempo da cidade.