ESCREVIVÊNCIA AUTOBIOGRÁFICA DA EXPERIÊNCIA CORPORAL DO HIV + DE UMA MULHER POBRE LATINA AMERICANA E VINDA DO INTERIOR
Escrevivência Autobiográfica; Mulher Pobre; HIV+; Necropolítica; Resistência.
A presente dissertação, em síntese, é uma escrevivência autobiográfica da experiência corporal positiva para o vírus da imunodeficiência humana – VIH de uma mulher pobre, latina americana e vinda do interior de Baturité, cidade situada no Nordeste do Brasil. A investigação é vinculada à linha de pesquisa Trabalho, Desenvolvimento e Migrações do Programa de Mestrado Interdisciplinar em Humanidades, da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro–Brasileira (MIH/UNILAB), e ainda, ao Grupo Interdisciplinar Marxista/GIM/UNILAB. Metodologicamente, articulo minha trajetória acadêmica com o processo de tomada de consciência política de minha sorologia positiva para o HIV. Interdisciplinarmente, analiso as contradições da necropolítica de desmonte das políticas públicas de saúde pós golpe-2016. A lógica capitalista, ao transformar a saúde em mercadoria e priorizar o lucro sobre o cuidado, marginaliza os corpos considerados improdutivos. Nesse sistema, as vidas das pessoas pobres, racializadas, com deficiência e vivendo com HIV tornam-se descartáveis, reforçando a tese de que o abandono institucional não é casual, mas estrutural. A política de austeridade neoliberal, ao desinvestir em saúde pública, acentua a desigualdade e torna o acesso ao tratamento um privilégio de poucos. A escuta sensível e a análise crítica permitirão identificar categorias que revelam os atravessamentos entre a experiência individual e as estruturas sociais que produzem exclusão e violação de direitos humanos. Esta escrevivência autobiográfica é memória viva de luta e resistência. A experiência individual se inscreve, assim, em uma coletividade de vivências subalternizadas, transformando a dor em denúncia e a memória em ferramenta de luta.