GÊNERO, TERRITÓRIO E ASSOCIATIVISMO RURAL: DINÂMICAS
DA ASSOCIAÇÃO DAS MULHERES AGRICULTORAS DE PARAIPABA PARA A
TRANSFORMAÇÃO DAS TERRITORIALIDADES RURAIS
Território, Territorialidade, Associativismo, Gênero, Ruralidades
Este estudo assume um compromisso político e epistêmico entendendo a investigação como ato de
descolonização, e tem como objetivo central compreender as dinâmicas interseccionais de gênero,
território e associativismo que emergem no contexto da Associação das Mulheres Agricultoras de
Paraipaba, evidenciando a construção de territorialidades utilizando redes de solidariedade como
estratégia de fortalecimento da atuação coletiva. A área da pesquisa centra-se no município de Paraipaba,
estado do Ceará, no Setor D2 , cujas coordenadas geográficas são 3°27′57,3″ S e 39°09′12,9″ W. A
investigação insere-se no âmbito do Perímetro Irrigado Curu-Paraipaba, tendo como lócus de análise a
Associação das Mulheres Agricultoras Familiares de Paraipaba, nascida em 20 de dezembro de 2011.
Metodologicamente, posiciono-me como facilitador (não intérprete), por não estar inserido socialmente ao
grupo estudado, priorizando narrativas orais e análise crítica de práticas cotidianas para expor
contradições vividas por essas mulheres, como a autonomia conquistada via acesso a políticas públicas e
o assédio enfrentado em espaços de decisão. A abordagem qualitativa inclui registro etnográfico de suas
rotinas, entrevistas semiestruturadas e análise documental de programas governamentais, com atenção às
dinâmicas de gênero e classe que permeiam seus territórios. A pesquisa se estrutura em três eixos: 1)
mapeamento das estratégias de resistência e sobrevivência; 2) identificação de mecanismos institucionais
que viabilizam ou limitam sua autonomia; e 3) denúncia de violências naturalizadas, como a perda do
território através de violências patriarcais e capitalistas. A escrita acadêmica é instrumentalizada não
apenas para eternizar essas lutas, mas para tencionar a academia a reconhecer o protagonismo político das
agricultoras, que ressignificam a terra como "corpo coletivo de resistência". A relevância do trabalho
reside em seu potencial de transcender a dissertação, transformando-se em ferramenta de mobilização
social, ao vincular as narrativas das mulheres a demandas por equidade de gênero e justiça territorial.