A CONCORDÂNCIA LOCATIVA NO FALAR DO FORTALEZENSE: PELO REPOSICIONAMENTO DO POVO NEGRO NA FORMAÇÃO DA IDENTIDADE LINGUÍSTICA CEARENSE.
Concordância. Locativos. Fala de fortalezenses. Herança Bantu.
Esta pesquisa parte da indignação pela invisibilidade do povo negro na formação sociocultural brasileira e, com ela, o desejo de academicamente dar relevo à importância da população negra escravizada na formação da principal marca identitária de um povo: sua língua materna. Daí a proposição do tema desta pesquisa: a concordância locativa como marca indelével da importância do povo negro escravizado na formação do Português Fortalezense e, por extensão, do Português Brasileiro (PB). Interessa a este estudo especificamente a fala dos habitantes da capital cearense em decorrência da percepção falaciosa de que “não há população negra no Ceará”. O fenômeno objeto deste estudo é variável à medida que a concordância verbal se faz, no Português Brasileiro, com o sujeito, com o locativo em posição de sujeito, com o tópico, etc. Empreendemos investigação, que está em curso, da concordância locativa no discurso oral popular e culto da cidade de Fortaleza, a partir de dois bancos de dados sociolinguísticos, o NORPOFOR (Projeto Norma Oral do Português Popular de Fortaleza) e o PORCUFORT (Projeto Português Oral Culto de Fortaleza). Situamos nossa pesquisa num enfoque Sociofuncionalista. Segundo Görsky e Tavares (2013, p.79), a abordagem sociofuncional envolve a articulação entre os pressupostos teóricos da Sociolinguística Variacionista e do Funcionalismo norte-americano a partir do que os autores chamam de uma “conversa na diferença”.