SENTIDOS DA SAÚDE MENTAL NOS DISCURSOS CONTEMPORÂNEOS: UMA ANÁLISE À LUZ DA SEMÂNTICA GLOBAL DE MAINGUENEAU
Saúde mental. Análise do discurso. Semântica global. Interdiscurso. Redes sociais.
O presente trabalho tem como tema “Sentidos da saúde mental nos discursos contemporâneos: uma análise à luz da semântica global de Maingueneau”. O objetivo central consiste em compreender os sentidos atribuídos à saúde mental em diferentes discursos circulantes na contemporaneidade, verificando como são construídos, legitimados e disputados. A pesquisa se fundamenta no referencial teórico da Análise do Discurso de linha francesa, em especial nos conceitos de semântica global e interdiscurso propostos por Dominique Maingueneau (2005), bem como em estudos sobre análise do discurso digital, teoria de Marie-Anne Paveau (2017). A hipótese é que os discursos sobre saúde mental se organizam em torno de dois posicionamentos que, embora apresentem convergências pontuais, disputam sentidos a partir de valores, expectativas e práticas distintas, revelando tensões entre perspectivas médico-institucionais e midiático-digitais. A metodologia adotada foi qualitativa, de base interpretativa. O corpus se divide em dois eixos: médico-institucional, composto por campanhas, cartilhas e diretrizes elaboradas por instituições de saúde; e midiático-digital, constituído por postagens no Instagram, episódios de podcasts no Spotify e vídeos do YouTube, selecionados por relevância algorítmica. O procedimento analítico é dividido em três etapas: mapeamento dos posicionamentos discursivos, estabelecimento da semântica global de cada posicionamento e análise das relações interdiscursivas, culminando na elaboração de uma grade semântica. Os resultados preliminares indicam que o discurso médico-institucional enfatiza causas estruturais, responsabilidade coletiva e medicalização, enquanto o midiático-digital privilegia a experiência individual, apoio afetivo, estratégias de autocuidado e fortalecimento espiritual. Verificou-se ainda que os conteúdos mais engajados são produzidos por mulheres brancas, de classe média, o que influencia a ausência de problematizações sobre determinantes sociais. Conclui-se que os sentidos de saúde mental são marcados por disputas simbólicas entre racionalidades distintas, que oscilam entre a lógica biomédica e práticas subjetivas de bem-estar. Este estudo reforça a importância de compreender como essas narrativas se articulam no espaço social, uma vez que moldam percepções e práticas sobre o cuidado em saúde mental.