ANÁLISE DA ABORDAGEM DO TEMPO VERBAL FUTURO NO LIVRO DIDÁTICO “SE LIGA NAS LINGUAGENS – PORTUGUÊS” DO ENSINO MÉDIO
Tempo. Tempo Futuro. Aspecto. Modalidade. Ensino.
Esta dissertação analisa como o tempo verbal futuro é abordado no livro didático Se liga nas Linguagens – Português, utilizado no Ensino Médio. O estudo se fundamenta em uma perspectiva funcionalista da língua, com o objetivo de verificar se o tratamento dado a essa categoria verbal contribui para o desenvolvimento da competência linguística funcional. Para isso, examinamos em que medida o livro didático explora as nuances de tempo, aspecto e modalidade (TAM) a partir das contribuições de Givón (1984; 1990; 1995; 2001), reconhecendo que o futuro não se limita a expressar ações posteriores, mas também envolve especulações, intenções e projeções temporais diversas. Além disso, a pesquisa considera o contexto histórico e pedagógico do livro didático de Língua Portuguesa, com destaque para sua evolução e o papel do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Esta pesquisa descreve as lacunas e os acertos na abordagem do futuro no material didático, seguindo a concepção de gramática de uso defendida por Neves (1994; 1997; 2018; 2022) e as reflexões de Travaglia (2005; 2016) sobre o ensino de gramática e aproximando o ensino das categorias verbais à realidade comunicativa. Nesta pesquisa, a gramática é concebida como um instrumento de comunicação, no qual a relação entre forma e função desempenha um papel central. Metodologicamente, analisamos no livro Se liga nas Linguagens – Português do Ensino Médio, as estratégias pedagógicas empregadas, os exemplos práticos oferecidos e os exercícios propostos, a partir das seguintes categorias de análise: a) o tempo verbal, que permite situar os eventos em diferentes momentos – passado, presente ou futuro; b) o aspecto verbal, que vai além da simples localização temporal da ação, oferecendo nuances sobre sua duração, completude ou frequência e a c) modalidade, que não se refere apenas a uma estrutura gramatical, mas é um recurso para expressar atitudes, intenções possibilidades, obrigações ou necessidades em relação ao conteúdo enunciado. Os resultados apontaram para a prevalência das abordagens descritivas e normativas, com pouca ênfase na aplicação comunicativa do tempo verbal futuro. O material didático apresenta o futuro de forma prescritiva, enfatiza a conjugação e a identificação das formas verbais e não explora a funcionalidade discursiva. A pesquisa evidenciou a necessidade de tratar o tempo futuro comtemplando a relação com o aspecto e a modalidade, favorecendo uma abordagem ampla e próxima da realidade comunicativa, alinhada aos princípios do funcionalismo linguístico.