CONTRIBUIÇÕES PARA O DEBATE DAS RELAÇÕES RACIAIS: UM OLHAR SOBRE AS IDENTIDADES ÉTNICO-RACIAIS NO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL BRASILEIRO.
Relações raciais, identidade étnico-racial, Ministério Público Federal brasileiro, histórias de vida, categorias afro-brasileiras.
Esta pesquisa consiste num estudo antropológico que parte da seguinte reflexão: como as abordagens contemporâneas das relações raciais podem influenciar na compreensão que temos sobre raça, racismo e identidades étnico-raciais e, consequentemente, afetar autodeclarações e heteroidentificações, fundamentais na execução institucional das políticas afirmativas? A pesquisa desenvolve-se com base nos conceitos de substâncias teóricas e matérias investigadas. O primeiro diz respeito a um conjunto de percepções de origem reflexiva, conceitual e epistemológica. As substâncias teóricas advêm dos conceitos trazidos ao trabalho cuja base assenta-se nos estudos desenvolvidos por Césarie ([1955], 2020), Ramos ([1957] 1995), Hall ([1992], 2006; 2003), Gonzalez (1988), Munanga (1996; 2003; [2004], 2019; [2009], 2019), entre outros. As matérias investigadas consistem no corpo de dados empíricos pesquisados. Foi feita uma revisão bibliográfica sobre os conceitos de raça, mestiçagem e identidade étnico-racial e será apresentada uma análise situacional do campo de pesquisa, o Ministério Público Federal brasileiro. As metodologias utilizadas serão: autorreflexão e Histórias de Vida (HV). A participação observante e a entrevista etnográfica foram as técnicas selecionadas para o desenvolvimento do trabalho. Serão realizadas 5 entrevistas com pessoas autodeclaradas, branca, amarela, preta, parda e indígena, preferencialmente atuantes nas ações afirmativas do órgão. Com isso busca-se um recorte empírico que permita uma visão que é ao mesmo tempo particular e geral, pois elucidará a percepção de cada indivíduo a partir da sua trajetória de vida considerando a categoria cor/raça de identificação. As entrevistas serão baseadas no método das HV, as quais serão cotejadas com o auxílio de categorias afro-brasileiras, usadas como recursos analíticos da pesquisa. As técnicas e metodologias utilizadas tem inspiração nos trabalhos de Haraway (1995), Favrett-Saada (2005), Queiroz (1988), Paulilo (1999), Meksenas (2002), Beaud & Weber (2007), Martins (1997) e Domingos (2017; 2020).