“Lesbianidades negras, periféricas e enlutadas em compromisso com a memória: o caso Luana Barbosa”.
Estado; movimento social; violência; lesbianidade; conflito.
O trabalho a seguir pretende compreender quais constituintes discursivos e materiais das versões que abrangem o “caso Luana” - como ficou conhecido o episódio de morte de Luana Barbosa dos Reis Santos, em 2016, no estado de São Paulo, durante uma abordagem da Polícia Militar. Para isso, vale-se do acompanhamento das atividades do principal grupo de mulheres organizadas em torno do evento, a Coletiva Luana Barbosa, devido ao intenso engajamento do grupo pela causa dos direitos humanos a partir da sensação contínua de luto e do medo da repetição, entre elas, de mais casos semelhantes ao de Luana. Partindo das vivências, noções de si e descrições narradas por algumas das ativistas envolvidas na organização, como também dos embates movidos pelas rotinas burocráticas e artefatos judiciários por parte da defesa dos policiais, são múltiplas as “apreensões de realidade” que circulam em todos os capítulos deste trabalho. São elas as falas de protestos contra o processo lento de um Estado ora aliado, ora negligente, de um lado, e as visões discordantes sobre a presença, atividades e abordagem dos Direitos Humanos na Justiça, de outro. Cabe a esta pesquisa o levantamento e a análise das múltiplas e polissêmicas relações que dão coerência e consistência às versões construídas no decorrer dos anos após a morte de Luana Barbosa e, dessa maneira, das diferentes perspectivas de realidade instituídas acerca de quem pode ser vítima no Brasil.