"(Re)afirmando Direitos: uma etnografia da luta quilombola por acesso e permanência no ensino superior cearense – caso Unilab”
Política Afirmativa. Quilombolas. Ensino Superior. Unilab. Ceará.
A presente dissertação trata de estudo etnográfico acerca do trajeto de luta e de mobilização quilombola por acesso e permanência no ensino superior público no estado do Ceará, particularmente no âmbito da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB). A constituição desse campo analítico traz à baila as discussões, os tensionamentos e os diálogos construídos para a efetivação de uma política afirmativa que contemple as especificidades quilombolas no ensino superior. No final de 2017, após a formação de alianças internas e externas estabelecidas entre o Movimento Quilombola, docentes do curso de Licenciatura em Pedagogia e a Pró-Reitoria de Graduação da Unilab, a instituição publicou o edital nº 33/2017 que orientou a realização do primeiro Processo Seletivo Específico para o ingresso de Indígenas e Quilombolas na instituição. A partir da entrada dos primeiros universitários quilombolas, diferentes demandas foram sendo apresentadas desde aspectos estruturais e financeiros como também a expansão de vagas para todos os cursos de graduação e pós-graduação na Unilab. Para compreender essa questão, esse estudo entrelaça uma perspectiva etnográfica para captar a pluralidade de experiências vivenciadas por esses estudantes na esfera universitária. Quanto à coleta de dados esta se alinhou à observação participante, diário de campo, aos registros fotográficos e as entrevistas. Como a pesquisa foi atravessada por uma crise pandêmica, impossibilitando contatos presenciais, agregamos ao estudo elementos analíticos oriundos dos meios digitais como capturas de tela, mensagens de texto, realização de vídeos chamadas e de voz via WhatsApp, áudios e análise de documentos e gravações de reuniões realizadas pelo Google Meet. As entrevistas, em particular, ocorreram com 06 estudantes que ingressaram nas entradas 2017.2, 2018.1 e 2018.2 e estão matriculados nos cursos de maior predominância como Agronomia, Antropologia, História e Pedagogia. O conjunto de dados analisados aponta que o acesso à Unilab perpassa múltiplos aspectos como as pressões exercidas pelo movimento quilombola, a organização político-estudantil da juventude, bem como as estratégias para permanecer no âmbito universitário tendo como marcadores a construção de redes de solidariedade e cooperação, alianças com outros grupos étnico-raciais e as reivindicações por melhores condições de permanência e uma formação exitosa.