Corpo enquanto discurso crítico e política de encantamento em Fortaleza-CE
Corpo; performance; aparição; política; encantamento
O existir atravessa o corpo. É no corpo que a cultura se inscreve, e pelo corpo que a cultura se refaz. Pensar
os processos socioculturais que se corporificam no corpo é também pensar nas proposições de retomada e
transmutação desses corpos e(m) seus próprios sistemas-mundos. Como o corpo existe enquanto resgate
de sentidos em resposta a um sistema de desencanto? Esta pesquisa acontece através de um percurso no
circuito cultural artístico da cidade de Fortaleza-CE. A partir da simbologia comparativa (TURNER, 1982), a
etnografia multissituada (MARCUS, 2001; GUPTA; FERGUSON, 1997) e as referências decoloniais
(FANON, 2020; GOMES, 2003, HILL COLLINS, 1977; KILOMBA, 2016), a investigação adentra as narrativas
e práticas dos sujeitos de algumas performances do território cearense buscando compreender o eixo de
intersecção entre as técnicas corporais (ALMEIDA, 2004; MARTINS, 2021; MAUSS, 2003; TURNER, 1995),
as escritas de si (HURSTON, 2018) e os discursos políticos (COMAROFF, 1985; GIDDENS, 1992)
produzidos por estas. Vendo as experiências de vida como fontes de conhecimento (HILL COLLINS, 1988),
a pesquisa dialoga com os desafios vitais, relacionais e subjetivos enfrentados pelos sujeitos que os
subvertem na ritualística da performance. O percurso etnográfico é trilhado em um caminhar
intencionalmente atento, sensível, afetável pelos campos a investigação dos símbolos, signos, rituais e
discursos que se prescrevem nos corpos-manifesto e se repetem continuamente em várias
performances/aparições das cenas que estão sendo observadas.